A Polícia Federal enviou por escrito 20 perguntas ao presidente Michel Temer a respeito de doação de R$ 10 milhões
feita pela Odebrecht ao MDB – partido de Temer – em 2014. O acerto em torno dessa doação ao diretório nacional do partido é investigado em inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). Além de Temer, também são alvos dessa investigação os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Minas e Energia).
Os investigadores questionam se Michel Temer
, que à época era vice de Dilma Rousseff (PT), teria sido "aquinhoado com alguma parcela" do valor doado pela Odebrecht e voltam a pedir informações sobre o jantar ocorrido em abril de 2014, no Palácio do Jaburu, no qual emedebistas e representantes da empreiteira fecharam acordo para a doação. A nova leva de perguntas foi enviada ao presidente no dia 7 deste mês, conforme informações do jornal O Estado de S.Paulo
.
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Algumas das perguntas encaminhadas pelo delegado Thiago Machado Delabary já haviam sido respondidas por Temer no âmbito do inquérito dos Portos
. O relator desse processo no Supremo, Luís Roberto Barroso, autorizou o compartilhamento de informações entre as duas investigações, atendendo a pedido apresentado semana passada pelo Serviço de Inquéritos Especiais (SINQ) da Polícia Federal.
Em outra pergunta, o delegado Delabary aborda diretamente uma das principais premissas da investigação, que é a de que Padilha e Moreira Franco teriam recebido propina da construtora em troca de favorecimentos em concessões aeroportuárias junto à Secretaria de Aviação Civil.
"Alguns executivos da Odebrecht afirmaram, no âmbito de seus respectivos acordos de colaboração, que, em meio à segunda rodada de concessões de aeroportos, receberam do ministro Moreira Franco solicitação de apoio financeiro à campanha do PMDB, o que teria redundado na disponibilização de R$ 4 milhões pela construtora, em recursos não contabilizados. Vossa Excelência teve ciência da solicitação e do encaminhamento dos valores?", questiona o delegado da PF, conforme transcrito pelo Estadão .
Temer respondeu: "Não tenho a menor ciência do aporte desses recursos".
Inquérito contra Michel Temer
Esse inquérito foi aberto em abril do ano passado no Supremo, mas passou a ter o presidente como um dos alvos apenas em março, após pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). O caso é relatado pelo ministro Edson Fachin e as investigações tiveram início a partir das delações de Marcelo Odebrecht e de Cláudio Melo Filho, que são os dois representantes da construtora que participaram do já citado jantar no Jaburu.
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Além desse inquérito, o presidente Michel Temer
é também investigado em outros três processos. Dois deles estão travados por conta de decisões da Câmara dos Deputados que impediram o andamento das ações enquanto Temer ocupar a Presidência da República. Já o quarto inquérito está em andamento e apura suposto pagamento de propina a Temer no âmbito da edição do chamado Decreto dos Portos.