Fernando Haddad representou Lula em evento organizado pelo banco BTG Pactual nesta quinta-feira
Ricardo Stuckert
Fernando Haddad representou Lula em evento organizado pelo banco BTG Pactual nesta quinta-feira

O ex-prefeito e  candidato a vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Haddad (PT), disse nesta quinta-feira (9) que não vê problema em consultar Lula na eventual hipótese de ele próprio vir a se tornar o candidato petista à Presidência. O ex-ministro, no entanto, garantiu que não vê Lula como um "oráculo" capaz de dar respostas para tudo. 

"O que o Lula ensina, mais do que a decisão, é o método de decisão. Eu não acho que o Lula tem respostas para os problemas brasileiros de dentro de uma cela ou de dentro de um gabinete. O Lula tem um método de trabalho, que é o de chamar as partes interessadas e, quando o assunto estava maduro, ele tomava a decisão. Eu não vejo o Lula como um oráculo. Ele é uma liderança política que ensina muito a um processo de tomada de decisão com robustez", afirmou Fernando Haddad ao representar o ex-presidente durante evento organizado pelo banco BTG Pactual.

Haddad reconheceu que a  situação da candidatura de Lula é "muito difícil", mas voltou a defender que o ex-presidente, preso desde abril em Curitiba, tenha o direito de disputar as eleições. 

"A nossa situação é muito difícil, mas nós não vamos facilitar a vida dos nossos adversários jogando a toalha. Nós vamos explorar todas as possibilidade em função do 'casuísmo' com o qual o Lula foi tratado", afirmou.

O vice-candidato disse ainda lamentar a postura do PSDB em relação à condenação de Lula , usando como exemplo (daquilo que ele esperava) sua própria relação com o candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin. Para o petista, "o PSDB fez um péssimo negócio" por não "defender a honra de seu adversário".

"Quando uma pessoa tem uma reputação questionável, você fica sabendo. Se me perguntarem sobre o Alckmin, eu vou dizer que, em quatro anos de convivência, eu nunca vi um empresário sequer sugerir uma conduta equivocada do Alckmin . Eu acho que é assim que se constrói um País", disse Haddad, que lidou diretamente com o tucano durante o período em que um estava à frente da Prefeitura de São Paulo e o outro, do governo estadual.

Fernando Haddad comenta recuperação econômica e reforma da Previdência

Fernando Haddad exaltou método de trabalho de Lula e defendeu sua candidatura à Presidência
Divulgação
Fernando Haddad exaltou método de trabalho de Lula e defendeu sua candidatura à Presidência

Em sua explanação a empresários e investidores convidados pelo organizador do evento, Fernando Haddad falou sobre o plano da chapa PT-PCdoB para recuperar a economia e destacou mais de uma vez a educação e o crédito como "ferramentas indispensáveis para o combate às desigualdades".

"Estamos em um momento crucial da vida nacional. O Brasil é suficientemente grande e importante para responder a estímulos corretos, recobrar a cofiança dos investidores e definir uma rota de desenvolvimento sustentável com inclusão, com ampliação do mercado de consumo de massa, com expansão do crédito para as famílias e para os investidores", avaliou.

Ainda no tema economia, Haddad propôs "mudar um pouco a composição da carga tributária" para aliviar a cobrança dos mais pobres e defendeu a realização de uma reforma da Previdência, mas em termos diferentes dos  propostos pelo governo Michel Temer (MDB).

"A nossa proposta para o ano que vem é tratar dos regimes próprios de Previdência, que é o problema mais urgente e vai contar com o apoio de prefeitos e governadores. Que vai contar com a compreensão de servidores que não estão recebendo sequer os seus salários. Portanto, é uma agenda que interessa a todos", defendeu o petista.

"Nós entendemos que o próximo presidente não sairá com a força imaginada das urnas. Vamos ter que construir uma agenda em comum. Vamos ter que construir uma agenda inclusive com a oposição, qualquer que seja ela. E, se nós formos bem sucedidos nessa agenda, a economia vai reagir muito prontamente", finalizou Fernando Haddad .

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