
Depois de ver Daurio Speranzini Jr., seu principal executivo na América Latina, ser preso por suspeita de corrupção em negócios junto à Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro, a General Eletrics (GE) afirmou nada ter a ver com o caso – e, de fato, a multinacional não é, por ora, um dos alvos da operação Ressonância, que investiga ilícitos no setor. Contudo, a GE contratou empresa suspeita de ser usada no passado por Speranzini como fachada para negócios escusos com o governo.
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De acordo com relatórios da Receita Federal obtidos pelo jornal Folha de S.Paulo , a GE usou a Moses Trading, importadora supostamente sob a responsabilidade de Miguel Iskin, para realizar transações entre suas filiais no exterior e o Brasil. A GE contratou empresa suspeita , em negócios que aconteceram entre 2007 e 2016 e movimentaram algo em torno de R$ 90 milhões.
Para o Ministério Público, a Moses Trading é uma de muitas empresas de fachada de Miguel Iskin que eram usadas para processar dinheiro de propinas a funcionários públicos que, em contrapartida, favoreciam multinacionais em licitações junto ao governo do Estado.
Speranzini, que foi preso por seu envolvimento no caso, é investigado sobre o período em que trabalhou na Philips. Por ora, sua atuação na GE não foi mencionada como motivo da prisão. Outra multinacional do setor, a Johnson & Johnson também está na mira da Polícia Federal.
Preso no dia 4 de julho no primeiro ato da Operação Ressonância, o presidente GE na América Latina, Daurio Speranzini, permanecerá na prisão por tempo indeterminado.
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A decisão de converter a prisão de provisória, com prazo máximo de cinco dias, para preventiva, sem data para terminar, veio do juiz Marcelo Bretas . A resolução se deu após a Polícia Federal encontrar um dossiê na casa de Speranzini com informações sobre um ex-funcionário que denunciou o suposto esquema corrupto do executivo aos investigadores do Ministério Público.
O documento encontrado pela PF trazia informações pessoais do ex-funcionário, dados de seus negócios privados e fotos e informes sobre sua esposa.
De acordo com a multinacional, as acusações referem-se a um período em que Speranzini trabalhou para uma companhia sem relação com a empresa. Como a GE contratou empresa suspeita para intermediar negócios com o governo brasileiro, contudo, o foco das investigações pode agora recair sobre ela.
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