Uma das condições para que o PTB apoiasse o impeachment de Dilma Rousseff (PT) era que a legenda ficasse com o ministério do Trabalho. Michel Temer acatou o pedido, mas, após uma série de controvérsias, que resultaram no afastamento do ministro Helton Yomura da pasta pelo Supremo Tribunal Federal, o partido comandado por Roberto Jefferson comunicou ao Planalto que abre mão do ministério, deixando seu futuro à disposição de Temer.
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Após deflagrado o escândalo, PTB e Jefferson assinaram uma nota sobre o tema. "Pessoalmente, insisto: não participei de qualquer esquema espúrio no Ministério do Trabalho. E acrescento que minha colaboração restringiu-se a apoio político ao governo para que o partido comandasse a pasta", escreveu o líder da legenda.
Os problemas com a Justiça começaram antes da chegada de Yomura ao ministério. Roberto Jefferson , famoso por seu envolvimento no caso do chamado “mensalão”, pretendia emplacar sua filha, Cristiane Brasil, no cargo. Descobriu-se, contudo, que Brasil tinha dívidas trabalhistas pendentes com seus funcionários, e sucessivas liminares judiciais acabaram a impedindo de assumir a pasta.
O constrangimento gerado pelo caso não foi o bastante para o PTB desistir da pasta. O partido, que curiosamente traz “trabalhista” no nome mas apoiou as reformas de Temer que penalizam o trabalhador, queria manter sua influência no ministério do Trabalho, um dos mais poderosos da Esplanada.
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Com novo escândalo, PTB perde influência
Uma operação da Polícia Federal que investiga a possível existência de uma organização criminosa que atuava na concessão fraudulenta de registros sindicais no Ministério do Trabalho foi o que levou à queda de Yomura da pasta. O ex-ministro, que ocupava interinamente a cadeira, foi afastado por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo a Polícia Federal, Yomura agia como "testa de ferro" dos interesses da deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) e de seu pai, Roberto Jefferson (PTB-RJ). Ainda de acordo com a PF, Yomura agia ativamente para realizar e coordenar desvios na pasta.
Essa é a terceira fase da Operação Registro Espúrio . Os policiais federais cumprem desde cedo dez mandados de busca e apreensão e três de prisão temporária, em Brasília e no Rio de Janeiro. Os mandados foram todos expedidos pelo Supremo. Um dos mandados de busca e apreensão ocorre no gabinete do deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP). O chefe do gabinete de Marquezelli foi preso. Com o escândalo, PTB perderá influência no ministério do Trabalho.
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