
O ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB) foi absolvido do crime de embaraço às investigações das operações Cui Bono e Sépsis , da Polícia Federal, que apuram desvios na Caixa Econômica Federal. A decisão desta quarta-feira foi do juiz federal Vallisney Oliveira, da 10ª Vara Federal em Brasília.
O Ministério Público Federal (MPF) acusava Geddel Vieira Lima de tentar evitar a delação premiada do empresário Lúcio Funaro, operador financeiro do suposto esquema de corrupção.
De acordo com o MPF, o ex-ministro teria atuado para constranger Funaro, telefonando por diversas vezes para a esposa dele, Raquel Pitta, quando o operador já estava preso, com objetivo de convencê-lo a não se tornar um delator.
Ao absolver Geddel, o juiz entendeu que não há provas que o ex-ministro tenha atrapalhado as investigações . “Não há prova de que os telefonemas tenham consistido em monitoramento de organização criminosa, tampouco de que ao mandar um abraço para Funaro, nos telefonemas dados a Raquel, o acusado Geddel de maneira furtiva, indireta ou subliminar, mandava-lhe recados para atender ou obedecer à organização criminosa”, decidiu.
Em 2017, Geddel foi preso, por determinação do próprio juiz Vallisney, por causa das acusações de obstrução das investigações. Mas, em seguida, o ex-ministro foi beneficiado com um habeas corpus concedido pelo desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, sediado em Brasília.
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No entanto, após ganhar liberdade, Geddel voltou a ser preso após a Polícia Federal ter encontrado R$ 51 milhões em um apartamento de Salvador e que foram atribuídos a ele pelos investigadores. Atualmente, ele está custodiado na penitenciária da Papuda, em Brasília . Segundo os advogados do ex-ministro, a origem dos R$ 51 milhões decorre da "simples guarda de valores em espécie".
Geddel Vieira Lima réu
Em maio, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou uma denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e tornou o ex-ministro e mais quatro pessoas rés por lavagem de dinheiro e associação criminosa no inquérito que apura a origem dos R$ 51 milhões apreendidos em apartamento em Salvador (BA).
A denúncia oferecida pela PGR indica, conforme sintetizou o ministro Edson Fachin em seu relatório, que o dinheiro movimentado nas operações de lavagem da família Vieira Lima tem três origens: corrupção na Caixa Econômica Federal, propina paga pelo Grupo Odebrecht, e a apropriação de remunerações pagas pela Câmara dos Deputados a assessores.
A PGR destacou em manifestação enviada ao Supremo que a "gravidade dos fatos narrados" a partir da citação das provas juntadas à denúncia, além de depoimentos e de documentos já reunidos em outras investigações que estão em andamento ou já resultaram em denúncias.
Para a PGR, não restam dúvidas de que Geddel Vieira Lima , Lúcio e Marluce atuaram de forma conjunta com o propósito de ocultar a origem, localização, disposição, movimentação e a propriedade de cifras milionárias de dinheiro vivo “proveniente diretamente de infrações penais como corrupção, peculato, organização criminosa”.
* Com informações da Agência Brasil