No relatório em que a Polícia Federal pede a prorrogação do prazo do inquérito contra Michel Temer (MDB), o delegado Cleyber Malta Lopes afirma que a Argeplan, empresa do coronel da reserva João Baptista Lima, atuou para atender “demandas da vida pública e privada” do presidente.
Leia também: Barroso autoriza PF a manter investigações sobre supostas propinas a Temer
O relatório da PF que aponta vínculos entre a empresa do coronel e Temer foi obtido pelo jornal Folha de S.Paulo . Nele, o delegado Malta Lopes pontua que "de forma paralela aos vários contratos e vínculos suspeitos com o setor portuário, temos que as buscas e apreensões e demais elementos trazidos aos autos também demonstraram dezenas de ligações da empresa Argeplan, seus sócios e outras empresas interligadas, diretamente com a vida política e privada do senhor Michel Temer".
O cerco à Argeplan se intensificou após a descoberta de que a empresa prestou serviços à Maristela Temer, filha do mandatário emedebista, em obras em sua casa que custaram cerca de R$ 1,3 milhão. Maristela foi interrogada sobre o caso pela PF, mas afirmou que não guardou recibos da reforma.
Coronel e Temer investigados
O relatório da PF faz referência ao caso, usando-o como justificativa para estender as investigações contra o presidente.
Leia também: Reprovação do governo Temer chega aos 79% e se torna a pior da história
"Maristela ainda não apresentou qualquer recibo que comprovasse em definitivo que os gastos foram suportados de fato por ela", principia o delegado.
"Se pegarmos apenas os valores e recibos apresentados por Luiz Eduardo Visani, contratado para fazer parte da obra, temos que o valor pago por João Batista, na sede da Argeplan, aproximadamente 950 mil reais em dinheiro vivo, já superior ao que se alega gasto por Maristela Temer, ainda que tenha como comprovar tais pagamentos", prossegue ele.
Para os investigadores, não é coincidência que a reforma na casa de Maristela Temer tenha ocorrido pouco tempo depois de Michel Temer ter supostamente recebido, conforme afirmam delatores, cerca de R$ 1 milhão em propinas.
"Importante notar que o período da obra abrange o ano de 2014, mesmo ano em que os colaboradores da J&F/GRUPO ELDORADO, Joesley e Saud alegam que entregaram 01 milhão de reais, em 'dinheiro vivo', sede da Argeplan, diretamente para João Batista Lima Filho, fato que vem ganhando maior relevância, sobretudo após análise de material apreendido na sede da empresa, além da suspeita de recebimento de outros valores no mesmo período", conclui o relatório, vinculando a empresa do coronel e Temer .
Leia também: STF pede que PGR se pronuncie sobre R$ 1 milhão a amigo de Temer