O Tribunal Regional Federal da 1ª Região acatou um recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e desmarcou o depoimento previsto para quinta-feira (21), no âmbito da Operação Zelotes. O desembargador Néviton Guedes não determinou nova data para o interrogatório
A defesa de Lula alegou que o tribunal já havia suspendido anteriormente o depoimento para que fossem ouvidas as testemunhas do exterior, como o caso o ex-presidente da França Nicola Sarkozy.
Na decisão, o desembargador esclareceu que a oitiva do ex-presidente poderia ser marcada antes dos depoimentos dessas testemunhas apenas se houvesse algum risco para o processo, como prescrição. A defesa afirmou que o interrogatório foi marcado sem levar a decisão em consideração. Esta é a quarta vez que o depoimento é adiado.
A ação investiga supostos crimes envolvendo a compra dos caças Gripen, fabricados pela sueca Saab. Os depoimentos foram inicialmente marcados para ocorrer ainda em outubro do ano passado, mas os interrogatórios foram suspensos a pedido da defesa do petista. Após isso, em novembro, o processo acabou paralisado devido à falta de resposta de testemunhas que moram no exterior e foram arroladas pelas defesas do ex-presidente e de seu filho.
O ex-presidente é acusado nesse processo de ter cometido crimes de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Segundo os procuradores da Zelotes , o petista teria oferecido interferências no governo de sua sucessora na Presidência, Dilma Rousseff, para beneficiar empresas – entre elas a Saab. Além do petista e de Luís Cláudio, também são réus nessa ação penal os lobistas Mauro Marcondes e Cristina Mautoni.
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O MPF alega que o ex-presidente teria atuado entre 2013 e 2015 para oferecer benefícios às empresas MMC, grupo Caoa e Saab, que eram assessoradas pela empresa do casal Mauro e Cristina. Em troca, os lobistas teriam repassado pouco mais de R$ 2,5 milhões a Luís Cláudio.
Bloqueios e desbloqueios
Segundo a acusação, a compra de 36 caças Gripen pelo governo federal, em 2013, só ocorreu após a empresa de Mauro e Cristina interferir junto ao ex-presidente em favor da sueca Saab. O processo para eleger o modelo de caça para a Força Aérea Brasileira (FAB) durou cerca de oito anos e resultou na maior compra militar da América Latina.
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Além das aeronaves, essa ação penal também apura suposta negociação irregular envolvendo a medida provisória do governo que prorrogava incentivos fiscais destinados a montadoras de veículos. Ainda em novembro do ano passado, o MPF havia pedido também o bloqueio de R$ 24 milhões de Lula e de seu filho, mas não houve decisão sobre o pedido até o momento.