Fernando Henrique Cardoso (PSDB), ex-presidente do Brasil, prestou depoimento ao juiz Moro em um dos processos cujo alvo é o ex-presidente Lula (PT).
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Escolhido pelo líder petista como testemunha de defesa, FHC afirmou que não é possível que o presidente saiba de tudo o que acontece no governo. Ele reforçou, assim, a tese da defesa de Lula , que defende que o presidente não pode ser responsabilizado por desvios na Petrobrás unicamente em função do cargo que ocupa.
“No Brasil as pessoas pensam que o presidente pode tudo e sabe de tudo”, disse durante o depoimento, cujo conteúdo foi revelado pelo jornal Folha de S.Paulo .
O tucano também falou sobre as conversas que, como presidente, manteve com empresários. “Eu falava com todo mundo e continuo falando. A função de quem está governando não é escolher o interlocutor. Tem que lidar com personagens públicos”, disse.
O ex-presidente relatou a Moro, ainda, sobre as doações de empresas que recebeu para manter seu acervo presidencial – livros, presentes e objetos que acumulou durante os oito anos no Planalto. Ele discordou da acusação contra Lula, segundo a qual as doações coincidem em ato corrupto.
Por fim, falou sobre as palestras que conduz contratado por empresas privadas. “Como não tenho aposentadoria, tenho que trabalhar. Tudo tem contrato, agente, tudo declarado”.
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‘SOS’ de FHC
FCH pediu a Marcelo Odebrecht que ele fizesse doações para campanhas eleitorais de dois tucanos que, em 2010, concorreram ao Senado: Antero Paes de Barros e Flexa Ribeiro – Paes foi derrotado, e Flexa foi eleito senador pelo Pará. As mensagens entre FHC e o empresário foram anexadas em um dos processos em que Lula é réu.
Os pedidos foram feitos por e-mail e descobertos pela Polícia Federal após averiguação no computador de Marcelo, que em 2010 ocupava a presidência da empreiteira.
Um dos e-mails é datado de 13 de setembro de 2010. FHC escreve que, em lembrança a uma conversa que os dois mantiveram em um jantar, vem pedir um ‘SOS’: "O candidato ao senado pelo PSDB, Antero Paes de Barros, ainda está em segundo lugar, porém a pressão do governismo, ancorada em muitos recursos, está fortíssima. Seria possível ajudá-lo? Envio abaixo os dados bancários", pede o sociólogo.
Ao que respondeu Marcelo Odebrecht , tranquilizando o ex-presidente: "Depois aproveito, e lhe dou o feedback dos demais apoios e reforços que fizemos na linha do que conversamos".
Por meio de sua assessoria de imprensa, FHC se justificou afirmando que não agiu de maneira ilegal. "Posso ter pedido, mas era legal. Não sei se deram e não foi a troco de decisões minhas, pois na época eu estava fora dos governos, da República e do Estado".
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