Uma reforma realizada em 2014 na mansão da psicóloga Maristela Temer, filha de Michel Temer (MDB), em São Paulo, e que custou ao menos R$ 1,2 milhão, foi paga em dinheiro vivo por Maria Fratezi, esposa do coronel reformado João Baptista Lima, amigo de longa data do emedebista.
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A informação, antecipada em abril pelo jornal Folha de S.Paulo , foi confirmada por estratos bancários, contratos de obra e outros documentos assinados por Maristela Temer obtidos pela Polícia Federal (PF) e aos quais teve acesso a Folha .
Depoimentos de fornecedores de materiais para a reforma também afirmaram aos investigadores que foi Fratezi quem efetuou os pagamentos, insistindo também em pagar em dinheiro vivo, prática considerada incomum no setor.
Um dos depoentes afirmou que a arquiteta queria pagar uma parcela inicial de R$ 56 mil com dinheiro vivo. Ele se negou a receber, e os dois combinaram que o pagamento seria feito por meio de depósito em conta. Dias depois o depósito foi realizado, como comprova um extrato entregue à PF.
A suspeita dos investigadores é que a reforma na mansão de Maristela foi usada para lavar dinheiro de propinas. O coronel Lima, assim, teria funcionado como um intermediário de Temer: ele recebia os subornos e, para disfarçar a origem do dinheiro, empregou-o na reforma da casa da filha do presidente.
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Chamado a depor, o coronel diversas vezes se negou a falar alegando motivos de saúde. Após ter a prisão decretada o coronel resolveu falar, e em uma de suas poucas explicações afirmou que o “auxílio” prestado à Maristela foi “um favor de amigo” que fizera a Temer .
Maristela também depôs à Polícia Federal. Ela afirmou que a reforma saiu por aproximadamente R$ 750 mil, informação que já foi desmentida pelos extratos encontrados pela polícia. Ela, que afirma ter ressarcido Fratezi pelos pagamentos, disse, contudo, que não guardou nenhum comprovante dos pagamentos.
Maristela disse também que não se lembra dos nomes dos prestadores de serviços e dos fornecedores de materiais. Por fim, disse que Michel Temer , seu pai, não pagou pelas obras e tampouco pediu que coronel Lima e Fratezi arcassem com os custos da reforma.
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