Embora o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva (PT) esteja preso há mais de um mês sob o direito de permanecer em silêncio, definitivamente, ele não está calado. Isso porque, além das diversas cartas do petista divulgadas pelo seu partido – destinadas a sua militância ou a autoridades – Lula acaba de ter um texto de sua autoria publicado no jornal mais relevante da França: o Le Monde.
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No jornal francês, Lula explicou porque quer ser candidato à Presidência do Brasil. "Depois de tudo que fiz como presidente da República, tenho certeza de que posso resgatar a credibilidade do governo, sem a qual não há crescimento econômico nem a defesa dos interesses nacionais", afirmou ao Le Monde . "Sou candidato para devolver aos pobres e excluídos sua dignidade, a garantia de seus direitos e a esperança de uma vida melhor".
Em seu artigo, o ex-presidente traça uma linha do tempo, narrando toda a sua carreira política, a fim de demonstrar que 'veio do povo'. "Perdi 3 eleições presidenciais antes de ser eleito em 2002. E provei, junto com o povo, que alguém de origem popular podia ser um bom presidente", conta, aproveitando para alfinetar o presidente Michel Temer. "Terminei meus mandatos com 87% de aprovação popular. É o que o atual presidente do Brasil, que não foi eleito, tem de rejeição hoje".
Em seguida, Lula conta como lê o momento atual do País: "vivemos retrocessos democráticos, uma prolongada crise econômica, e a população mais pobre sofre, com a redução dos salários e da oferta de empregos, o aumento do custo de vida e o desmonte de programas sociais".
'Proposta de reencontro com o Brasil'
Após suas críticas ao governo atual, o ex-presidente petista se aponta como 'a solução para o Brasil', citando, inclusive, a sua liderança nas pesquisas de voto a respeito da corrida presidencial – mesmo após sua prisão.
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"Lidero as pesquisas mesmo depois de ter sido preso em consequência de uma perseguição judicial que vasculhou a minha casa e dos meus filhos, minhas contas pessoais e do Instituto Lula, e não achou nenhuma prova ou crime contra mim", disse.
"Tenho honra e não irei, jamais, fazer concessões na minha luta por inocência e pela manutenção dos meus direitos políticos. Como presidente, promovi por todos os meios o combate à corrupção e não aceito que me imputem esse tipo de crime por meio de uma farsa judicial", continuou.
Por fim, diz que não tinha planos de voltar a ser candidato, "mas diante do desastre que se abate sobre povo brasileiro", sua candidatura "é uma proposta de reencontro do Brasil com o caminho de inclusão social, diálogo democrático, soberania nacional e crescimento econômico, para a construção de um país mais justo e solidário, que volte a ser uma referência no diálogo mundial em favor da paz e da cooperação entre os povos", afirma.
Para ilustrar aos franceses a sua competência como governante no País, Lula cita, no meio do seu artigo, homenagens que recebeu durante seu mandato como presidente.
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"Em 2009, Le Monde me indicou 'homem do ano'. Recebi estas e outras homenagens, não como mérito pessoal, mas como reconhecimento à sociedade brasileira, que tinha se unido para a partir da inclusão social promover o crescimento econômico", afirmou.