O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde o dia 7 de abril na carceragem da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba , escreveu uma carta, nesta quarta-feira (9), para a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, afirmando que será candidato à Presidência “até que a verdade apareça”.
Na carta, Lula afirma que está acompanhando a especulações sobre sua candidatura. “Sei quanto você [Gleisi] está sendo atacada. Por isso resolvi dar uma declaração sobre o assunto. Quem quer que eu não seja candidato eu sei, inclusive, as razões políticas, pois são concorrentes. Outros acham que fui condenado em 2a. instância, então sou culpado e estou no limbo da Lei da Ficha Suja”, escreveu o petista.
Em outro trecho, o ex-presidente reafirma que é inocente e que o povo merece respeito. “O povo tem que ter seus direitos e uma vida digna. Por isso queremos uma sociedade sem privilégios para ninguém, mas com direitos para todos.”
Leia a íntegra da carta:
Querida Gleisi,
Estou acompanhando na imprensa o debate da minha candidatura, ou Plano B ou apoiar outro candidato.
Sei quanto você está sendo atacada. Por isso resolvi dar uma declaração sobre o assunto.
Quem quer que eu não seja candidato eu sei, inclusive, as razões políticas, pois são concorrentes. Outros acham que fui condenado em 2a. instância, então sou culpado e estou no limbo da Lei da Ficha Suja.
Os meus acusadores sabem que sou inocente. Procuradores, juiz, TRF-4, eu sou inocente. Os meus advogados sabem que eu sou inocente. A maioria do povo sabe que eu sou inocente.
Se eu aceitar a ideia de não ser candidato, estarei assumindo que cometi um crime.
Não cometi nenhum crime.
Por isso sou candidato até que a verdade apareça e que a mídia, juízes e procuradores mostrem o crime que cometi ou parem de mentir.
O povo merece respeito. O povo tem que ter seus direitos e uma vida digna.
Por isso queremos uma sociedade sem privilégios para ninguém, mas com direitos para todos.
Votação eletrônica no STF
Nesta quarta-feira (9), quatro dos cinco ministros da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) votaram contra a concessão de liberdade ao ex-presidente . O pedido foi feito pela defesa do petista, sendo negado pelo relator Edson Fachin, voto seguido pelos ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski.
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O julgamento virtual teve início no dia 4 de maio. Falta votar o ministros Celso de Mello, que deve se manifestar até essa quinta-feira (10). Em abril, a defesa do petista entrou com pedido de liberdade, reclamando a prisão do ex-presidente, detido no dia 7 daquele mês, após ser condenado em segunda instância e ter um recurso rejeitado no Tribunal Regional Federal da 4ª Região.
O ex-presidente foi condenado a cumprir 12 anos e um mês de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá , litoral de São Paulo. Ele está preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba por determinação do juiz federal Sérgio Moro, quem ordenou a execução provisória da pena de 12 anos e um mês.
No recurso que está sendo julgado, a defesa rebate Moro, sustentando que o juiz não poderia ter mandado executar a pena, pois não houve esgotamento de recursos no TRF-4, segunda instância da Justiça Federal.
Ainda segundo os advogados de Lula, pelo entendimento atual do STF sobre prisões em segunda instância, a autorização deveria ser feita depois do trânsito em julgado no tribunal, o que não aconteceu, “pois ainda se encontram pendentes de análise final a admissibilidade dos recursos especial e extraordinário”.