A Secretaria de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro (Seap) começou nesta segunda-feira (7) a transferir presos da Operação Lava Jato
que estavam na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica (zona norte), para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu (zona oeste).
A troca de endereço dos presos da Lava Jato atende às normas previstas num decreto assinado pelo interventor federal no Rio de Janeiro, general Walter Braga Netto, que modificou o perfil de 12 unidades prisionais do estado para "flexibilizar o fluxo entre presos", com atenção à segurança do sistema penitenciário e à diminuição da superlotação.
De acordo com a Seap, as transferências já estão sendo feitas e continuarão até o final desta semana. A relação dos detentos que serão levados a Bangu, que atualmente já abriga o ex-governador Sérgio Cabral (MDB), não foi divulgada por questões de "segurança dos presos e dos inspetores de segurança e administração penitenciária". Devem entrar nessa lista o presidente afastado da Assembleia Legislativa (Alerj), Jorge Picciani, e os deputados Paulo Melo e Edson Albertassi – todos do MDB.
Cadeia das "regalias"
A cadeia de Benfica passou por ampla reforma no ano passado justamente para receber os presos da Operação Lava Jato no Rio. O presídio tem capacidade para 120 detentos e suas celas medem 16 metros quadrados, sendo que cada uma abriga oito presos em quatro beliches. As camas contam com os colchões utilizados pelos atletas que participaram nos Jogos Olímpicos Rio 2016 e os cárceres possuem vaso sanitário e chuveiros separados.
O Ministério Público identificou durante vistoria no local que havia uma série de "regalias" para os presos, especialmente ao ex-governador Sérgio Cabral. Os detentos tinham acesso a comidas proibidas no sistema penitenciário e chegaram até mesmo a contar com celas equipadas com camas de casal que funcionavam como uma espécie de "motel"
para as visitas íntimas.
Obstáculo para Cabral
As descobertas levaram Cabral a ser transferido, no início do ano, para o Paraná. Mas o ex-governador retornou ao Rio após autorização do Supremo Tribunal Federal (STF).
O emedebista chegou a apresentar dois recursos na Justiça para tentar retornar ao presídio de Benfica , mas o decreto do general Braga Netto tende a dificultar suas ambições. Isso porque a defesa de Cabral alegava ser "altamente falaciosa" a justificativa apresentada pela Seap para levá-lo a Bangu.
"Vários outros presos da Lava Jato , condenados como o paciente, permanecem e sempre estiveram internados em Benfica, pelo que fica claro que o tratamento atualmente dado ao paciente pelas autoridades da Seap, mormente após a concessão da ordem posta em mesa, foi seletivo, discriminatório e evidentemente retaliativo", argumentou a defesa de Cabral no pedido levado ao Supremo. O argumento perde o peso agora que os demais presos da operação do Rio devem ser levados também a Bangu.
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