O empreiteiro Marcelo Bahia Odebrecht entregou ao juiz Sérgio Moro uma relação de 43 e-mails trocados entre 2008 e 2013 que tratam sobre as obras realizadas no sítio Santa Bárbara , em Atibaia, no interior de São Paulo. O imóvel é atribuído ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As mensagens, segundo alegam os advogados de Marcelo Odebrecht, "comprovam pedidos de ajuda financeira [...] que direta ou indiretamente beneficiaram Lula
".
A defesa afirmou ao juiz de Curitiba que o empreiteiro localizou os e-mails em um HD que havia sido apreendido na Lava Jato e que ele recuperou somente no fim do ano passado, quando foi autorizado a cumprir prisão domiciliar após dois anos e meio preso na carceragem da Polícia Federal no Paraná.
"Os e-mails contextualizam a relação e as tratativas de temas diversos referentes a Luiz Inácio Lula da Silva e comprovam também pedidos de ajuda financeira para terceiros, que direta ou
indiretamente beneficiaram Lula (entre eles o Sítio de Atibaia, o filme “Lula, o filho do Brasil”, ajuda financeira ao irmão, sobrinho etc.)", alegaram os advogados de Marcelo Odebrecht em petição entregue a Moro.
"Os e-mails mostram também a influência que Lula tinha – e a interlocução de diversos temas por seu intermédio – mesmo após ter deixado a Presidência da República", completa a defesa.
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Na semana passada, Marcelo Odebrecht já havia entregue ao juiz de Curitiba uma série de e-mails relacionados a outra ação penal envolvendo o ex-presidente: o que trata sobre a compra de um terreno para o Instituto Lula na zona sul de São Paulo e o aluguel de um apartamento em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
O processo da Lava Jato que apura suposta vantagem indevida destinada a Lula por meio das obras no sítio Santa Bárbara tem ainda outros 12 réus. A lista inclui os empreiteiros Léo Pinheiro (OAS), Emílio Odebrecht e seu filho, Marcelo Bahia Odebrecht, o pecuarista José Carlos Bumlai, o advogado Roberto Teixeira e Fernando Bittar, que é o dono oficial do sítio de Atibaia.
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Defesa
Em nota, os advogados que defendem Lula na Lava Jato afirmaram que será pedida a análise da "autenticidade e veracidade" dos e-mails apresentados por Marcelo Bahia Odebrecht e garantiram que os e-documentos "em nada abalam o fato de que o ex-presidente jamais solicitou ou recebeu da Odebrecht ou de qualquer outra empresa algum benefício ou favorecimento".
"O material não apenas é contraditório com o depoimento de Marcelo Odebrecht na delação premiada bem como em seu depoimento pessoal em outra ação. Laudo apresentado pela Polícia Federal na última sexta-feira (23) mostrou que documentos atribuídos à Odebrecht foram adulterados. O fato é confirmado pelo depoimento prestado na mesma data pelo ex-executivo da empresa, Fernando Migliaccio. O ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Durán também já havia feito referência ao tema em depoimento prestado à CPMI da JBS e também em videoconferência feita com a defesa de Lula, que foi gravada e registrada em ata notarial", diz a defesa, em nota.