A força-tarefa de procuradores que atuam na Operação Lava Jato enviou à Justiça Federal em Curitiba uma série de e-mails enviados pelo caseiro do sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), ao Instituto Lula. As correspondências foram anexadas na denúncia apresentada nesta semana contra o ex-presidente
, acusado de ter cometido crimes de corrupção e lavagem de dinheiro em episódios envolvendo o sítio no interior paulista, e mais 12 pessoas.
Leia também: Duque entrega a Moro foto que "prova" encontro com Lula sobre propina ao PT
De acordo com as investigações, o caseiro Élcio Pereira Vieira, conhecido como 'Maradona', enviava ao Instituto Lula uma espécie de relatório com "assuntos relacionados ao dia a dia da gestão do sítio". As mensagens foram obtidas por meio da quebra do sigilo telemático de Maradona.
Em uma das mensagens, datadas do dia 8 de agosto de 2014, Maradona encaminhou ao endereço eletrônico apoio@institutolula.org uma mensagem com o assunto “lago e pato”. No e-mail foram anexadas seis fotos do lago e dos icônicos pedalinhos do sítio, que possuem os nomes dos netos do ex-presidente (Pedro e Arthur). Os brinquedos, destaca o MPF, foram comprados por um segurança do petista.
Em outro e-mail, enviado em outubro de 2014, Maradona relata a morte de um pintinho. "Morreu mais um pintinho essa noite e caiu dois gambá nas armadilhas”, diz o caseiro na mensagem cujo título era "armadilha".
As mensagens constam no trecho da denúncia em que os procuradores argumentam que Lula e sua família faziam "uso e gozo" do sítio Santa Bárbara – que oficialmente está no nome de Fernando Bittar (também denunciado – e possuíam "assídua frequência no local.
"É de se ver que o excessivo número de vezes que Lula e sua família compareceram ao sítio indica ser este o proprietário de fato e possuidor do imóvel", escreve o grupo coordenado pelo procurador Deltan Dallagnol.
"Avião aki"
No dia 21 de abril de 2015, Maradona volta a enviar um e-mail para o Instituto Lula, desta vez com a mensagem "avião aki na chacara hoje pela manhã". Meses depois, o caseiro volta a contatar o instituto do ex-presidente, desta vez para falar sobre o "orçamento para conserto de roçadeira que estava com defeito".
De acordo com as investigações, a referida roçadeira foi comprada pela ex-primeira-dama Marisa Letícia, falecida no início de fevereiro. A denúncia apresenta nota fiscal do equipamento, emitida por uma loja sediada em São Bernardo do Campo, com o nome de dona Marisa.
Leia também: Justiça mantém ação contra Lula por suposto esquema na compra de caças suecos
Defesa
Em nota encaminhada à imprensa após a apresentação da nova denúncia, os advogados de Lula afirmam que as acusações mostram "desesperada tentativa para justificar à sociedade a perseguição imposta ao ex-presidente nos últimos dois anos, com acusações frívolas e com objetivo de perseguição política".
Os defensores do petista também ironizam a apresentação das fotos dos já citados pedalinhos.
"Recorreram a pedalinhos e outros absurdos para sustentar a tese de que Lula seria o beneficiário de obras realizadas no local e que os valores utilizados seriam provenientes de supostos desvios ocorridos em contratos firmados pela Petrobras. A afirmação colide com todos os depoimentos já colhidos em juízo, até a presente data, com a obrigação de dizer a verdade, que afastam o ex-presidente da prática de qualquer ato ilícito", dizem os advogados.