Delatores acusam ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza de ter cobrado propina por contrato do Rodoanel
Geraldo Magela/Agência Senado - 29.8.12
Delatores acusam ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza de ter cobrado propina por contrato do Rodoanel

Autoridades da Suíça localizaram R$ 113 milhões em contas abertas no país europeu em nome de ex-diretor da Dersa (empresa pública responsável por obras viárias no estado de São Paulo) Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto. Ele é investigado ao lado do  ex-governador paulista José Serra (PSDB) e do hoje ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes (PSDB), no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura pagamento de  propina da Odebrecht em troca de negócios com o governo tucano em São Paulo.

A informação de que o ex-diretor da Dersa no período de 2007 a 2010 manteve fortuna no exterior consta de decisão assinada no ano passado por uma juíza da 5ª Vara da Justiça Federal em São Paulo, que foi anexada nesta semana ao inquérito no STF pela defesa de Paulo Preto. O ministro Gilmar Mendes é o relator do processo, que foi aberto no ano passado por ocasião da chamada 'lista de Fachin', baseada nas delações de executivos da Odebrecht.

A juíza federal Maria Isabel do Prado cita em sua decisão que o Ministério Público da Suíça encaminhou aos procuradores brasileiros os resultados de investigações sobre quatro contas abertas em 2007 no banco Bordier & Cie. Essa s contas estavam em nomes de empresas offshores com sede no Panamá cujo beneficiário era Paulo Preto.

Ainda de acordo com as autoridades suíças, o saldo dessas contas somava 35 milhões de francos suíços em junho de 2016, o correspondente a cerca de R$ 113 milhões na cotação atual.  Os valores foram transferidos no início do ano passado para um banco no paraíso fiscal de Bahamas.

Leia também: Odebrecht confessa cartel no Rodoanel e em outras sete obras do governo de SP

Investigações contra Paulo Preto

A defesa de Paulo Preto encaminhou a decisão da juíza da 5ª Vara Federal de SP ao Supremo para pedir que as investigações contra ele se concentrem na mais alta corte do Judiciário do País. Na terça-feira (20), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, manifestou-se contra essa pretensão.

No STF, Paulo Preto é investigado por supostamente ter cobrado propina equivalente a 0,75% do valor de um contrato firmado entre o governo paulista e a Odebrecht no âmbito das obras do Rodoanel.

Esse fato teria ocorrido em 2007, quando Paulo – apontado como "pessoa próxima" do então governador José Serra – ocupava cargo de chefia na Dersa. As acusações contra Paulo Vieira de Souza foram narradas por nove delatores da construtora, segundo os quais o pedido de propina foi atendido com o pagamento de R$ 2,2 milhões a Amaro Ramos, apontado como um "conhecido operador" do PSDB.

Defesa

Em nota, o advogado Daniel Bialski, que representa Paulo Vieira de Souza, afirmou que ainda não teve acesso à investigação das autoridades suíças e aos documentos mencionados pelo Ministério Público Federal sobre as contas atribuídas ao ex-diretor da Dersa fora do Brasil. “Ademais, essa investigação feita em SP afronta decisão anterior proferida em reclamação perante o STF e, por isso, a defesa aguarda decisão sobre requerimento feito pedindo a avocação desse novo procedimento à Corte e, igualmente, o reconhecimento da nulidade de seus atos e decisões”, diz a defesa.

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