Parte do dinheiro seria fruto de propina – relacionado, portanto, a negócios da construtora com o governo paulista
Pedro França/Agência Senado
Parte do dinheiro seria fruto de propina – relacionado, portanto, a negócios da construtora com o governo paulista

O ex-presidente da Odebrecht, Pedro Novis, que esteve à frente da empresa entre 2002 e 2008, disse, em acordo de delação premiada, que o senador José Serra solicitou R$52,4 milhões à construtora. Os pedidos foram feitos, e atendidos, entre 2002 e 2012, e se destinavam a Serra e seu partido, o PSDB.

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O depoimento foi dado ainda em junho de 2017, mas só veio à tona hoje. Ele faz parte do acordo de delação firmado entre a Odebrecht e o Ministério Público no âmbito da operação Lava Jato. Outros 76 executivos da empresa também prestaram depoimento como parte do acordo.

Em seu depoimento, divulgado nesta terça-feira (9) pelo jornal Valor Econômico, o executivo contou que o dinheiro foi repassado por caixa 2, isto é, não consta nas declarações de doações de campanha tornadas obrigatórias pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Ainda, parte do dinheiro seria fruto de propina – relacionado, portanto, a algum negócio da construtora com o governo paulista. Os montantes teriam sido entregues por meio de contas no exterior e em dinheiro vivo, no Brasil.

Novis também detalhou como se deram os repasses ao longo do tempo e afirmou conhecer o senador, candidato à presidência da República em 2002, desde os anos 1980. Parte do dinheiro, inclusive, seria usado para custear a campanha de Serra ao Planalto.

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Derrotado por Lula em 2002, Serra teria solicitado recursos também para a disputa da prefeitura de São Paulo, em 2004. Nessa oportunidade, disse Novis, R$2 milhões foram destinados não-oficialmente à campanha do tucano.

Já em 2008, um novo pedido de Serra, de R$3 milhões, foi atendido pela Odebrecht. Dessa vez, foi entregue em dinheiro vivo a um enviado do senador.

Em 2010, quando foi novamente candidato à presidência da República, o tucano solicitou R$30 milhões à construtora, prometendo como contrapartida que o governo paulista saldaria uma dívida de R$170 milhões que tinha com a Odebrecht e que estava sob disputa judicial.

Finalmente, em 2012, Serra teria recebido mais R$4,6 milhões da empresa para custear sua campanha à Prefeitura de São Paulo.

Tucano nega recebimento de vantagens

A assessoria do senador afirmou que ele jamais recebeu propinas ou doações indevidas. Ainda, disse que Serra nunca trabalhou para favorecer a Odebrecht nos cargos em que ocupou no governo.

Em nota, concluiu, por fim, que as acusações são antigas e que o depoimento foi “requentado”, presumivelmente para atingir José Serra.

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