Nomeada pelo presidente Michel Temer para ser a nova ministra do Trabalho, mas com a posse suspensa por uma série de determinações judiciais em razão de antigas dívidas trabalhistas, a deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ) teve seu nome envolvido em um novo escândalo nesta sexta-feira (3).
Leia também: Cristiane Brasil vai ao STF contra suspensão de posse em Ministério do Trabalho
Dessa vez, Cristiane Brasil , filha do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, é alvo de um inquérito do Ministério Público Federal (MPF) que apura suspeitas de tráfico de drogas e associação para o tráfico. O crime teria acontecido durante a campanha eleitoral de 2010.
A investigação contra a deputada foi enviada nesta sexta-feira (2) à Procuradoria-Geral da República, em Brasília, porque ela possui foro privilegiado. As informações foram publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo na edição deste sábado (3).
Além de Cristiane, o inquérito tem como alvo também o deputado estadual Marcus Vinicius (PTB), ex-cunhado da parlamentar, e três assessores dela na época. Todos são acusados de ter dado dinheiro a traficantes de Cavalcanti, bairro pobre da zona Norte do Rio e uma das bases eleitorais da deputada.
Leia também: Em barco, Cristiane Brasil questiona justiça trabalhista e defende posse
O pagamento da propina teria como retorno a 'exclusividade' de Cristiane para fazer campanha eleitoral na região. Na época, a deputada era vereadora licenciada e comandava a Secretaria Especial do Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida, na gestão de Eduardo Paes.
Ela não se candidatou naquele ano, mas deu apoio para a candidatura de Vinicius – até então, seu cunhado – à reeleição. Cristiane só foi candidata e foi eleita deputada em 2014. Tanto ela quanto o ex-cunhado negam todas as acusações.
De acordo com o jornal, o procedimento foi aberto inicialmente pela Polícia Civil após denúncias encaminhadas por email à Ouvidoria da corporação. Os nomes dos denunciantes foram preservados por motivo de segurança.
Ameaças de morte
O inquérito investiga ainda se líderes comunitários foram coagidos a fazer campanha eleitoral. Segundo as informações contidas nas investigações, há denúncias de que traficantes teriam chegado "ao absurdo de levarem as presidentes das associações do bairro para conversar com o chefão do morro porque elas não queriam trabalhar para a vereadora [Cristiane]".
"A intenção dele [assessor] era que o chefão fosse mandar dar uma surra nelas e obrigá-las a trabalhar para a vereadora ou, em caso de recusa, até mesmo matá-las”, diz o denunciante.
Leia também: Roberto Jefferson 'puxa a orelha' da filha Cristiane Brasil após vídeo em barco
Uma líder comunitária relatou na investigação formal que foi ameaçada porque não participou de panfletagem da campanha de Cristiane Brasil. Além disso, um dos assessores da hoje nomeada ministra foi acusado de, na época, em cumplicidade com um primo apelidado de “Cigarrão”, invadir casas dos moradores para a retirada de cartazes de outros políticos.