O Ministério Público do Peru anunciou que irá cobrar da Odebrecht cerca de US$ 1 bilhão de dólares em compensação pelos prejuízos causados pela empreiteira ao Estado peruano.
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De acordo com Jorge Ramírez, procurador encarregado do caso, foram levadas em consideração no cálculo do valor a ser exigido as obras superfaturadas conduzidas pela empresa brasileira: o gasoduto Sul Peruano, a rodovia Chacas e trechos da rodovia Interoceânica Sul. As informações são do periódico peruano La República .
À imprensa local, o procurador reclamou do valor inicialmente oferecido pela empreiteira como indenização – US$ 60 milhões. Para Ramírez, o montante é baixo se considerados os prejuízos à maquina estatal.
A empresa, por sua vez, afirmou por meio de nota que considera “estranho” o pedido da procuradoria. Rodrigo Vilar, porta voz da empreiteira, diz que o valor extrapola em 30 vezes as propinas pagas pela empresa no país.
"Em todos os países [em que a empreiteira admitiu malfeitos] foram utilizadas para o cálculo da reparação metodologias alinhadas com práticas internacionais, baseadas, entre outros pontos, no valor dos ilícitos praticados, no valor das informações fornecidas para as investigações e a capacidade de pagamento da empresa. Considerando esses fatores, a média de indenizações ficou entre duas e três vezes a dos valores pagos ilicitamente", explica a nota.
Corrupção e impeachment
Os escândalos de corrupção envolvendo à Odebrecht por pouco não levaram à queda do presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski , acusado de ter recebido propinas do grupo.
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De acordo com a denúncia contra o presidente peruano, Kuczynski é proprietário de empresas de consultoria que teriam recebido pagamentos ilícitos da empreiteira brasileira, em troca de favorecimentos para licitações no Peru. A própria Odebrecht revelou que pagou, há mais de uma década, cerca de US$ 4,8 milhões a duas empresas de assessoria vinculadas ao presidente.
Na época da denúncia, o presidente se disse inocente e pediu o levantamento do próprio sigilo bancário “para que revisem tudo o que queiram e assumo todas as responsabilidades que derivam de minhas ações".
Semanas depois do caso envolvendo a Odebrecht vir à tona, o Congresso do Peru rejeitou um pedido de impeachment apresentado pela oposição contra o presidente Kuczynski.
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