A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República informou que o presidente Michel Temer determinou nesta terça-feira (16) ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e ao presidente da CEF, Gilberto Ochi, que afastem quatro vice-presidentes da Caixa por 15 dias. A decisão de Temer foi anunciada após o Ministério Público Federal em Brasília e o Banco Central recomendarem ao governo federal o afastamento dos vice-presidentes.
O afastamento dos vice-presidentes da Caixa
se deve a suspeita deles participarem de esquemas de corrupção investigados pela Procuradoria da República e pela própria estatal. A informação foi publicada nesta terça-feira (16) pelo jornal Folha de S.Paulo
. A reportagem do iG
procurou o Banco Central para confirmar a informação, mas o BC disse que não iria comentar o assunto.
A recomendação do BC faz eco ao pedido feito no mês passado pela força-tarefa de procuradores que atuam na Operação Greenfield. Em ofícios encaminhados à Casa Civil do governo e ao presidente do banco estatal, Gilberto Occhi, o Ministério Público Federal (MPF) havia cobrado a "troca imediata de todos os vice-presidentes" da empresa pois as investigações das operações Sépsis, Cui Bono, A Origem e Patmos apontaram "marcante influência política nos processos internos" do banco estatal.
Apesar do pedido do MPF, o governo havia optado por manter os 12 vice-presidentes da Caixa em seus cargos. A empresa alegou, por meio de nota divulgada no início deste mês, que “inexiste fato concreto” que motive as trocas, destacando que os executivos passaram pela aprovação do Conselho de Administração do banco, do Ministério da Fazenda e do presidente da República.
A recomendação do BC teria sido discutida pelo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, e Gilberto Occhi em reunião realizada nesta terça-feira. O BC sugeriu o afastamento de ao menos quatro vice-presidentes da Caixa, e não de todos (como recomendou o MPF), segundo informações da Globonews .
Investigações rondam cúpula da Caixa
As investigações em curso acerca de crimes na administração do banco público já resultaram na abertura de ações penais na Justiça. Em uma delas, o MPF pediu a condenação dos ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves (ambos do MDB) por crimes cometidos em atuação conjunta com o ex-vice-presidente da Caixa Fábio Cleto.
O MPF elencou no pedido de afastamento dos vice-presidentes do banco estatal uma série de encontros suspeitos entre executivos da empresa e alvos de investigações, como o empresário Wesley Batista, da JBS, e o ex-assessor da Presidência Rodrigo Rocha Loures (MDB).
A Procuradoria também disse haver "aparente comprometimento" de executivos para esconder crimes cometidos na administração do banco. "A existência de diversas figuras proeminentes na administração da Caixa em casos investigados [...], bem como a perene influência política sobre funções que deveriam ser essencialmente técnicas [...] comprometem a isenção dos agentes, a acessibilidade de informações necessárias à apuração interna e externa pelos órgãos de controle e a confiabilidade nas operações firmadas e em estágio de contratação", escreveram os procuradores da força-tarefa da Greenfield.
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