Em seu depoimento em delação premiada nesta segunda-feira (18), o ex-assessor de Sérgio Cabral (PMDB) Carlos Miranda afirmou ao juiz da 7ª Vara Federal Criminal Marcelo Bretas que o ex-governador repassava uma mesada de R$ 100 mil por mês à ex-mulher Susana Neves.
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De acordo com Miranda, que assumiu ser o operador do esquema criminoso denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF), Cabral recebia propina desde o tempo em que era senador e que, no início, o valor era menor até chegar aos R$ 100 mil.
“Sérgio Cabral combinou com a Susana de mandar um valor mensal de R$ 100 mil. Era uma mesada, um ajuda financeira”, afirmou Miranda, que contou que, às vezes, a ex-esposa recebia um 13º ou 14º no fim do ano. Segundo ele, Susana não sabia que a origem do dinheiro era propina.
Quando estavam juntos, Cabral e Susana tiveram três filhos, e, segundo o ex-assessor, o peemedebista repassava R$ 10 mil e R$ 5 mil aos mais novos. O mais velho, Marco Antonio Cabral (PMDB), que é deputado federal, tem foro privilegiado e, por isso, Bretas não questionou sobre a mesada para ele.
Além dos filhos e ex-esposa, Cabral também repassava uma mesada de R$ 25 mil mensais à sua irmã e R$ 100 mil aos pais.
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Esquema
O depoimento foi prestado em uma denúncia em que é apontado um esquema de lavagem de dinheiro de R$ 1,7 milhões, por meio de contratos com a FW Engenharia. O irmão do ex-governador, Maurício Cabral, também teria sido beneficiado pela verba.
De acordo com o MPF, em troca de favores relacionados a contratos com o governo do Rio de Janeiro, à FW Engenharia, do empresário Flávio Weneck, que também é réu, e que fazia pagamentos de propina ao esquema do ex-governador.
Depoimento de Cabral
O ex-governador também foi interrogado nesta segunda-feira (18). Ele chegou a admitir que pediu “ajuda” ao amigo e empresário Flávio Werneck. Porém, Cabral afirmou que os pagamentos de Flávio não eram propina, mas sim caixa dois.
No entanto, Werneck foi interrogado anteriormente e desmentiu a versão. O empresário da FW Engenharia afirmou que era propina e, caso não fosse paga, o governo atrasava os pagamentos das obras.
O ex-governador explicou que os empresários davam colaborações extraoficiais à campanha. Mas que, como não fez essa cobrança ao amigo de infância, considerou que essa "ajuda" seria uma espécie de caixa dois.
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