O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) admitiu ter recebido doações ilícitas e pediu "desculpas" durante audiência realizada nesta quinta-feira (14) com o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio.
O interrogarório se deu no âmbito da ação penal da Lava Jato em que ele, os ex-secretários Hudson Braga (Obras) e Wilson Carlos (Governo) e mais sete pessoas são acusadas de integrar esquema de pagamento de propina pela empreiteira Carioca Engenharia em troca de contratos nas obras do Arco Metropolitano, do PAC Favelas e da Linha 4 do metrô do Rio de Janeiro.
"Peço desculpas à população por ter feito uso de caixa dois e de sobras de caixa dois", disse Sérgio Cabral
. O ex-governador, no entanto, não especificou qual a quantia dessas doações não contabilizadas que chegou aos seus bolsos, limitando-se a dizer que o montante conferiu a ele "uma vida incompatível, muito além de seus dinheiros lícitos". "Eu errei", reconheceu o peemedebista.
Preso há mais de um ano e atualmente cumprindo pena no presídio de Benfica, na zona norte da capital fluminense, Cabral negou que tenha recebido propina e rechaçou as acusações apresentadas na denúncia do Ministério Público Federal.
O ex-governador disse desconhecer o termo "taxa de oxigênio", descrito na denúncia como o termo usado pelos integrantes do esquema de corrupção para se referir à parcela de 1% do valor dos contratos com a Carioca Engenharia que seria repassada a Cabral, Braga, Wilson Carlos e mais duas pessoas.
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Funcionário "amarra-cachorro" e torcida pelo Flamengo
Cabral afirmou que todos os recursos que recebeu da empreiteira chegaram a ele por meio de doações de campanha, e não mediante ao pagamento de "mesadas", conforme afirmam os procuradores da Lava Jato. A denúncia narra que o ex-governador recebeu, entre 2008 e 2014, mesada no valor de R$ 500 mil da Carioca Engenharia, além de ter repartido junto a seus então secretários R$ 4,5 milhões pagos pela empresa em troca de favorecimentos junto ao governo fluminense.
Cabral também negou as acusações feitas por Carlos Miranda, que é apontado como seu operador de propinas e se tornou colaborador da Justiça recentemente. Na semana passada, Miranda confessou crimes e disse que integrava um grupo criminoso chefiado por Cabral.
O peemedebista desqualificou Miranda, afirmando que ele era um "funcionário amarra-cachorro" e que fez as acusações somente para reduzir sua pena.
Ao fim da audiência, em momento mais descontraído, o vascaíno Sérgio Cabral disse ao juiz Bretas que torceu para o Flamengo ser campeão da Copa Sul-Americana, cuja final foi disputada nessa quarta-feira (13) e acabou vencida pelo Independiente da Argentina. O Vasco da Gama garantiria uma vaga direta para a Copa Libertadores do ano que vem caso seu rival conquistasse o título disputado ontem. "Não consigo acreditar. Mentir aqui é um problema", brincou o juiz Marcelo Bretas em resposta ao ex-governador.
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