Os integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS aprovaram nesta quinta-feira (14) uma versão suavizada do relatório final elaborado pelo deputado Carlos Marun (PMDB-MS)
. O texto, que inicialmente pedia o indiciamento de Rodrigo Janot pelos crimes de prevaricação, abuso de autoridade e "incitação à subversão da ordem política", agora apenas recomenda a investigação do ex-procurador-geral da República.
Marun tinha pressa para aprovar seu relatório pois estava previsto que ele tomasse posse ainda hoje na Secretaria de Governo – evento que foi adiado devido à internação do presidente Michel Temer em São Paulo
. Caso o deputado se tornasse ministro antes da votação de seu texto, a CPMI da JBS precisaria escolher um novo relator, que poderia ou não aproveitar o trabalho de Marun.
O relator se viu obrigado a amenizar seu texto após ser pressionado por outros integrantes da CPMI, que queixavam-se do fato de Marun não ter pedido providências a respeito da relação da JBS com o BNDES (investigação que era o principal objetivo do grupo) e ameaçavam não dar o quorum necessário para votar o relatório.
O pedido de indiciamento do ex-chefe de gabinete de Janot, procurador Eduardo Pelella, também foi retirado do relatório de Marun, bem como o trecho que defendia o projeto que prevê o crime de abuso de autoridade por membros do Ministério Público e outras autoridades.
Marun retirou ainda um trecho do sub-relatório apresentado pelo deputado Wadih Damous, que pedia a investigação das denúncias feitas à CPMI pelo advogado hispano-brasileiro Rodrigo Tacla Durán.
Durán, que trabalhou para a Odebrecht, questionou provas usadas pelo Ministério Público para embasar denúncias feitas pela Operação Lava Jato e disse que há direcionamento de delações contra determinados alvos. Ele disse ainda ter recebido a proposta de redução de multa, feita por um advogado de Curitiba que seria amigo do juiz Sérgio Moro, em troca do pagamento de R$ 5 milhões.
Pedidos de indiciamentos mantidos
Foi mantido no relatório aprovado o pedido de indiciamento de quatro pessoas: os irmãos Wesley e Joesley Batista, o executivo da J&F (controladora da JBS) Ricardo Saud, e o ex-procurador Marcello Miller.
O relator sustentou que Miller orientou os donos da JBS antes de deixar o Ministério Público para atuar como advogado da própria JBS no processo de acordo de leniência.
Já os irmãos Joesley e Wesley Batista são acusados pelo relator da CPMI da JBS de corrupção ativa, uso indevido de informação privilegiada e manipulação de mercado.