CPMI da JBS aprova 'versão light' de relatório que pede investigação de Janot

Com pressa para encerrar discussão, relator Carlos Marun trocou pedido de indiciamento do ex-chefe da PGR por recomendação de investigação; acusações contra Wesley e Joesley Batista, Saud e Miller foram mantidas

Relator da CPMI da JBS, deputado Carlos Marun teve posse em ministério adiada por conta da internação de Temer
Foto: Geraldo Magela /Agência Senado - 14.12.17
Relator da CPMI da JBS, deputado Carlos Marun teve posse em ministério adiada por conta da internação de Temer

Os integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS aprovaram nesta quinta-feira (14) uma versão suavizada do relatório final elaborado pelo deputado Carlos Marun (PMDB-MS) . O texto, que inicialmente pedia o indiciamento de Rodrigo Janot pelos crimes de prevaricação, abuso de autoridade e "incitação à subversão da ordem política", agora apenas recomenda a investigação do ex-procurador-geral da República.

Marun tinha pressa para aprovar seu relatório pois estava previsto que ele tomasse posse ainda hoje na Secretaria de Governo – evento que foi adiado devido à internação do presidente Michel Temer em São Paulo . Caso o deputado se tornasse ministro antes da votação de seu texto, a CPMI  da JBS precisaria escolher um novo relator, que poderia ou não aproveitar o trabalho de Marun.

O relator se viu obrigado a amenizar seu texto após ser pressionado por outros integrantes da CPMI, que queixavam-se do fato de Marun não ter pedido providências a respeito da relação da JBS com o BNDES (investigação que era o principal objetivo do grupo) e ameaçavam não dar o quorum necessário para votar o relatório.

O pedido de indiciamento do ex-chefe de gabinete de Janot, procurador Eduardo Pelella, também foi retirado do relatório de Marun, bem como o trecho que defendia o projeto que prevê o crime de abuso de autoridade por membros do Ministério Público e outras autoridades.

Marun retirou ainda um trecho do sub-relatório apresentado pelo deputado Wadih Damous, que pedia a investigação das denúncias feitas à CPMI pelo advogado hispano-brasileiro Rodrigo Tacla Durán. 

Durán, que trabalhou para a Odebrecht,  questionou provas usadas pelo Ministério Público para embasar denúncias feitas pela Operação Lava Jato e disse que há direcionamento de delações contra determinados alvos. Ele disse ainda ter recebido a proposta de redução de multa, feita por um advogado de Curitiba que seria amigo do juiz Sérgio Moro, em troca do pagamento de R$ 5 milhões.

Pedidos de indiciamentos mantidos

Foi mantido no relatório aprovado o pedido de indiciamento de quatro pessoas: os irmãos Wesley e Joesley Batista, o executivo da J&F (controladora da JBS) Ricardo Saud, e o ex-procurador Marcello Miller.

O relator sustentou que Miller orientou os donos da JBS antes de deixar o Ministério Público para atuar como advogado da própria JBS no processo de acordo de leniência.

Já os irmãos Joesley e Wesley Batista são acusados pelo relator da CPMI da JBS de corrupção ativa, uso indevido de informação privilegiada e manipulação de mercado.