![Wesley Batista foi preso na investigação do uso de informações privilegiadas para lucrar no mercado financeiro Wesley Batista foi preso na investigação do uso de informações privilegiadas para lucrar no mercado financeiro](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/a4/wr/w0/a4wrw07r34sf9elfr5jeh7bgf.jpg)
Foi suspenso, nesta terça-feira (5), o pedido de liberdade do empresário Wesley Batista, um dos donos do grupo J&F, que estava sendo julgado no Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Gilmar Mendes pediu vista do processo, para analisar melhor o caso. Não há data para a retomada do julgamento.
O pedido de Mendes foi feito quando o julgamento já contava com dois votos, do relator do caso, Edson Fachin, e Dias Toffoli. Os dois negaram o pedido de liberdade de Wesley Batista .
Wesley e seu irmão, Joesley Batista , foram presos em setembro, acusados crime de insider trading[informação privilegiada], sob a suspeita de usarem informações obtidas por meio de seus acordos de delação premiada para vender e comprar ações da JBS no mercado financeiro.
A defesa alegou que a prisão de Wesley foi determinado erroneamente pela Justiça de São Paulo e não pelo próprio STF, como o acordo de delação premiada assinado por ele e seu irmão determinaria no caso de qualquer pedido de prisão. Joesley foi preso após decisão do ministro Edson Fachin.
Porém, Fachin, votou por manter a prisão e alegou que crimes não especificados no acordo de delação premiada, como o insider trading, não teriam imunidade penal prevista pela delação. "Não me parece que procede a tese segundo a qual quaisquer crimes praticados antes, durante ou depois do acordo [de delação] estariam submetidos à ausência de pena", afirmou.
Os votos dos ministros foi de acordo com o parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), que sustentou no julgamento que o crime de insider trading não foi confessado pelo delator e não estava previsto como imunidade no acordo da JBS.
Além de Fachin, Toffoli e Mendes, ainda têm que votar os ministros Ricardo Lewandowski e Celso de Mello, que compõem a segunda turma do STF, responsável pelo julgamento do pedido de liberdade.
Lucro ilegal
Wesley e Joesley Batista tiveram a prisão preventiva decretada pela 6ª Vara da Justiça Federal em São Paulo em setembro, sob a justificativa de que, em liberdade, eles colocariam em risco a "garantia da ordem social e econômica" e poderiam até mesmo fugir do País.
A defesa dos empresários recorreu ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) e ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) , mas nas duas instâncias os recursos foram negados.
Wesley era o presidente da JBS até se tornar a primeira pessoa a ser presa na história do País por prática de insider trader. Joesley também teve a prisão decretada pelo crime, mas já se encontrava detido em Brasília em decorrência da quebra do acordo de delação premiada .
Os filhos de José Batista Sobrinho detém 100% das ações da FB Participações e somente 42% dos papéis da JBS. Entre abril e 17 de maio de 2017 – data em que foram divulgadas as informações relacionadas à delação premiada da JBS –, Wesley e o seu irmão movimentaram dinheiro e ações prevendo a alta do dólar que o escândalo causaria.
Segundo as investigações , os irmãos Batista venderam, por meio da FB Participações, R$ 42 milhões em ações da JBS a um preço de R$ 372 milhões. Parte dessas ações foram comprados pela própria JBS, então presidida por Wesley, para evitar que o grande volume de papéis disponíveis causassem desvalorização da empresa – o que estava previsto para ocorrer somente após a divulgação das delações de executivos do grupo.
Além dessa manobra, os irmãos Batista também foram acusados de cometer crime ao negociar a compra de dólares para obter lucro ilegal tão logo as denúncias contra o presidente Michel Temer levassem à valorização da moeda americana.
O conselho administrativo do grupo JBS-Friboi aprovou o nome de José Batista Sobrinho, patriarca da família Batista , para substituir Wesley Batista na presidência da empresa.