O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), reconheceu nesta terça-feira (14) que o pedido de demissão de Bruno Araújo (PSDB) do Ministério das Cidades "precipita a discussão da reforma ministerial" na equipe de Michel Temer. O senador adiantou ainda que a chefia de 17 pastas deve ser rearranjada pelo presidente, que sofre pressões políticas por parte de integrantes da base aliada por mais espaço na equipe de governo.
"Temer está avaliando e discutindo como vai fazer. Será uma reforma ministerial ampla, com 17 ministérios vagos no prazo que o presidente determinar. Ele quem vai definir o ritmo", afirmou Jucá em sua conta no Twitter.
As trocas de comando na Esplanada dos Ministérios vêm sendo cobradas pelos partidos que ajudaram Temer a derrubar as duas denúncias oferecidas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) na Câmara dos Deputados. Bancadas como a do PMDB, do PP e do PRB têm pressionado o Planalto para garantir para si mais representatividade no Executivo federal, especialmente diante do frágil apoio que o PSDB tem demonstrado ao governo.
O PSDB detinha, até o pedido de demissão apresentado por Bruno Araújo nessa segunda-feira (13), o controle de quatro ministérios na equipe de Temer. Mas a legenda expressa um racha profundo e muitos de seus integrantes defendem a ruptura com o governo.
Ainda na noite dessa segunda-feira, o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, se reuniu com o presidente Michel Temer para pleitear o posto vago no Ministério das Cidades.
Leia também: Temer nega haver "desintegração" em sua equipe ministerial
Fator PSDB
Bruno Araújo relatou em sua carta de demissão que "não há apoio" em seu partido para seguir na equipe ministerial de Temer. A resolução de deixar as Cidades, no entanto, não passou por consulta junto à cúpula da legenda. O presidente interino do PSDB, Alberto Goldman, não foi informado sobre a decisão de Bruno Araújo, enquanto o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse durante evento nos Estados Unidos que ficou sabendo da saída do então ministro por meio de jornalistas, conforme reportou o jornal O Estado de São Paulo
.
Um dos postulantes à presidência do PSDB, o governador de Goiás, Marconi Perillo, foi um dos poucos tucanos que sabiam da decisão de Araújo. Ele afirmou por meio de sua conta no Twitter que defende o "desembarque do governo Temer de forma natural e elegante". "Bruno Araújo mostrou sua fidelidade ao partido e como está engajado na união do PSDB e na vitória em 2018", escreveu.
O principal adversário de Perillo na eleição pela liderança do partido é o senador Tasso Jereissati (CE), que é ainda mais radical quanto à proposta de deixar o governo.
O PMDB do presidente Temer vê com cautela a situação do PSDB uma vez que os tucanos foram importantes aliados na transição de governo após o impeachment de Dilma Rousseff. E a alinaça com o PSDB pode ainda ser um fator determinante para o futuro peemedebista nas eleições de 2018.
Ainda assim, o Planalto sabe que a reforma ministerial é necessária para obter o apoio necessário para aprovar a reforma da Previdência, conjunto de alterações nas regras para a aposentadoria que é considerado prioritário pelo governo. O projeto está pronto para ir à votação desde maio deste ano, mas não é levado ao plenário da Câmara devido ao entendimento de que o governo não possui os 308 votos necessários para aprová-lo. Nesse cenário, a contemplação de aliados com cargos na equipe de governo pode garantir a Temer os votos que faltam para conseguir aprovar a reforma da Previdência.
Leia também: Dilma Rousseff diz que o PT tem que “perdoar quem bateu panela”