O juiz federal Sérgio Moro negou o pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e decidiu, nesta sexta-feira (10), interrogar o empresário Glaucos da Costamarques, na ação da Operação Lava Jato em que o petista é acusado de receber propina da Odebrech . O empresário é dono do apartamento alugado pela ex-primeira-dama Marisa Letícia em São Bernardo do Campo.
Moro irá interrogar Costamarques para que ele esclareça as circunstâncias nas quais assinou os recibos de aluguel do apartamento, no ABC Paulista. Em setembro, a defesa de Lula entregou 26 recibos com datas entre agosto de 2011 e dezembro de 2015 . No entanto, o MPF desconfia de que os documentos sejam falsos.
Os advogados do ex-presidente questionou a necessidade do depoimento do empresário, mas o juiz federal argumentou que “não há vedação legal à produção de prova oral no âmbito de incidente de falsidade documental”.
O interrogatório de Costamarque será no dia 15 de dezembro, em audiência presencial em Curitiba. No mesmo dia, Moro também irá interrogar João Muniz Leite, o contador do empresário.
Denúncia contra o petista
O ex-presidente é acusado de ter cometido crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro nos episódios referentes ao terreno na Vila Clementino e a um apartamento no ABC Paulista. As investigações indicam que ele teria aceitado receber da Odebrecht, entre 2010 e 2014, um terreno na zona sul de São Paulo no valor de R$ 12,4 milhões para instalação da sede do instituto do petista.
A empreiteira também teria negociado a compra de um apartamento em frente ao que o ex-presidente mora, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. O imóvel é avaliado em R$ 504 mil. Segundo o Ministério Público Federal , os imóveis foram oferecidos pela construtora ao ex-presidente como uma espécie de agradecimento pela manutenção de Renato Duque e de Paulo Roberto Costa em diretorias de interesse da empreiteira na Petrobras.
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A defesa do ex-presidente nega que Lula tenha praticado os crimes imputados a ele e alega, em nota, que "as delações dos executivos da Odebrecht mostraram que o ex-presidente não recebeu tais imóveis, o que deveria justificar a extinção da ação por meio de sua absolvição sumária".