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Reprodução/ Twitter

Temer saberia de esquema de corrupção na Caixa

O operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro afirmou nesta sexta-feira (27) que políticos do PMDB sabiam do esquema de desvio do fundo de investimentos do FGTS, incluindo o presidente Michel Temer. As afirmações foram durante depoimento que Funaro prestou ao juiz Vallisney de Souza Oliveira nesta sexta-feira (27), na 10ª Vara Federal de Brasília.

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Segundo o operador financeiro, praticamente toda a bancada do PMDB na Câmara tinha conhecimento do esquema no FI-FGTS por meio da Caixa Econômica Federal. Além de Temer , o ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) também saberia. Ele atestou ter participado de ao menos cinco operações que resultaram no pagamento de propina.

“Geddel (Vieria Lima) com certeza, Lúcio (Vieira Lima) com certeza, Henrique (Eduardo Alves), Michel Temer, Moreira Franco, Washington Reis”, elencou Funaro.

Ele também afirmou que entregou ao menos R$ 100 mil em dinheiro vivo de propina ao ex-deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), quando o político era presidente da Câmara, em 2013.

“Entreguei para ele mesmo, nas mãos dele, em São Paulo”, afirmou ao juiz sobre dar dinheiro em espécie a Eduardo Alves. “Foram R$ 100 mil ou R$ 150 mil, tem que puxar na planilha”, acrescentou o operador financeiro, que assinou acordo de delação premiada com a Justiça.

Ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, ambos do PMDB, foram alvos de operação
Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, ambos do PMDB, foram alvos de operação

Funaro e Alves são réus na ação penal da Operação Sépsis, que apura desvios no Fundo de Investimentos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviços (FI-FGTS), operado pela Caixa Econômica Federal . São réus na mesma ação o deputado cassado Eduardo Cunha e o ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa Fabio Cleto, além de Alexandre Margoto, ex-funcionário de Funaro.

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Funaro disse ainda ter emprestado seu avião particular para transportar uma mala de R$ 5 milhões para financiar a campanha de Alves a governador do Rio Grande do Norte, em 2014. Os recursos teriam origem no pagamento de propina pela Eldorado Celulose, uma das empresas do grupo J&F, que tem como um dos donos o empresário Joesley Batista.

Segundo as investigações, o então vice-presidente da Caixa, Fabio Cleto, atuou sob orientação de Funaro e ordem de Cunha para destravar um aporte de mais de R$ 900 milhões do FI-FGTS na empresa.

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Reprodução/TV Senado

Doleiro Lúcio Funaro está preso desde julho do ano passado após a Operação Sépsis, desdobramento da Lava Jato

Funaro relatou ter participado de diversos jantares na casa de Joesley com Cunha e Alves, com quem disse ter se encontrado mais de 780 vezes ao longo dos anos. Ele afirmou que  Cleto foi indicado por ele a Cunha para ser vice-presidente da Caixa. "Ele [Cleto] já sabia de tudo, desde o momento que ele entrou lá”, disse Funaro. Mas como Cleto já havia adiantado em seu próprio depoimento, a relação dos dois não acabou bem. "A única mágoa que eu tenho é de um dia ter encontrado Fábio Cleto e ter indicado ele para a vice-presidência da Caixa", afirmou

Funaro admitiu ainda ter obrigado Cleto a assinar uma carta de demissão, antes de assumir o cargo, para mostrá-la a Henrique Eduardo Alves como garantia de que o executivo concordaria em participar do esquema de desvios na Caixa.

Desde o início do processo, a defesa do ex-deputado Henrique Eduardo Alves, que está preso preventivamente em Natal, afirma não haver provas contra o político, além de meras declarações de um delator.

Resposta do Planalto

Questionado sobre as declarações do doleiro, o Palácio do Planalto negou a participação de Temer em negócios ilegais e desqualificou Funaro. "O presidente contesta de forma categórica qualquer envolvimento de seu nome em negócios escusos, ainda mais partindo de um delator que já mentiu outras vezes à Justiça".

Adiados

O restante do depoimento de Funaro e os de Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves não foram realizados nesta terça-feira e adiados para a próxima terça-feira, dia 31.

Eduardo Cunha está preso há um ano, em Curitiba e foi transferido temporariamente a Brasília para ser ouvido pelo juiz. Com o adiamento, Cunha continua na capital.  O depoimento de Alves será feito por videoconferência. Ele está preso em Natal desde junho.

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*com informações da Agência Brasil

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