Os interrogatórios do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seu filho Luis Claudio, em ação em que são réus na Operação Zelotes, foram suspensos, por decisão liminar do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1). As audiências estavam marcadas para os dias 30 de outubro e 3 de novembro .
Nesta ação, Lula é acusado de realizar negociações irregulares na compra de caças suecos em 2013. Para suspender os interrogatórios, a defesa argumentou que antes dos depoimentos dos réus devem ser ouvidas todas as testemunhas anteriormente arroladas e que foram autorizadas pelo próprio TRF1, inclusive daquelas residentes no exterior
De acordo com os advogados do ex-presidente, a própria denuncia faz referência a fatos ocorridos no exterior. Dentre as testemunhas que devem ser ouvidas estão os ex-presidentes da França François Hollande e Nicolas Sarkozy. Todos os documentos necessários para a oitiva das testemunhas no exterior já foram providenciados pela defesa, inclusive tradução juramentada de peças para os idiomas francês e sueco.
Segundo a defesa, o desembargador federal Néviton Guedes, que proferiu a decisão, destacou que “tais testemunhas são autoridades governamentais e empresários dos Estados da França e da Suécia que teriam participado do certame, e por essa razão, seriam indispensáveis à elucidação dos fatos”.
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Denúncia da Zelotes
Segundo a denúncia feita pelo Ministério Público Federal e aceita no fim de 2016, as investigações constataram que o ex-presidente, seu filho Luís Cláudio e os consultores Mauro Marcondes e Cristina Mautoni atuaram em negociações irregulares no contrato de compra dos caças suecos Gripen e também em uma medida provisória para prorrogar os incentivos fiscais para montadoras de automóveis. De acordo com o MPF, Luís Cláudio teria recebido R$ 2,5 milhões da empresa dos consultores.
Nesta ação, o ex-presidente é acusado dos crimes de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A Justiça Federal apura a suspeita de que o petista e seu filho Luís Cláudio “integraram um esquema que vendia a promessa” de interferências no governo federal para beneficiar empresas.
Na época, a defesa do ex-presidente rebateu as acusações, afirmado que os réus não participaram ou tiveram conhecimento dos atos de compra dos caças suecos e que acusá-los de ter interferido no processo significa “atacar e colocar em xeque as Forças Armadas e todas as autoridades que acolheram o parecer emitido por seus membros”.
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Além do ex-presidente
Lula e seu filho, são réus neste processo os consultores Mauro Marcondes Machado e Cristina Mautoni, donos da Marcondes e Mautoni Empreendimentos, empresa que representava os interesses do Grupo Caoa (distribuidor brasileiro das marcas Subaru e Hyundai) e da MMC Automotores (Mitsubishi do Brasil).