O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin determinou que o assessor parlamentar do deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), Job Ribeiro Brandão, cumpra prisão domiciliar. Lúcio é irmão de Geddel Vieira Lima.
Ele recebeu a mesma medida imposta a Gustavo Ferraz, ex-diretor-geral da Defesa Civil de Salvador. Brandão é funcionário do gabinete de Lúcio Vieira Lima na Câmara dos Deputados. Brandão, Ferraz, o deputado e o ex-senador Geddel Vieira Lima são investigados no caso dos 51 milhões de reais encontrados em um apartamento que a polícia diz ser usado por Geddel e seu grupo em um esquema de cobrança de propria. Lúcio é irmão de Geddel, que continua preso.
A decisão diz que Brandão cumpra a prisão no endereço que indicar, não utilize telefones ou internet, não se comunique com nenhum dos demais indiciados, denunciados ou investigados e respectivos familiares, utilize monitoramento eletrônico e pague fiança de 100 salários mínimos. O iG não conseguiu contato com o deputado federal Lúcio Vieira Lima para comentar o caso.
A Polícia Federal passou a investigar Brandão pois encontrou digitais dele no apartamento e até em parte do dinheiro. A prisão domiciliar foi pedida ao STF pela Procuradoria-Geral da República, "diante do material cognitivo indiciário que revela a sua participação nos moldes em que se deu a do investigado Gustavo Pedreira do Couto Ferraz, ou seja, em momento anterior à ocultação do numerário em imóvel cuja utilização foi autorizada em favor de Geddel Quadros Vieira Lima".
O Caso
Ex-articulador político do governo de Michel Temer (PMDB), Geddel é investigado por atuar em esquema criminoso envolvendo fundos de financiamento controlados pela Caixa Econômica Federal. Ele foi vice-presidente de Pessoa Jurídica do banco e é suspeito de receber propina em troca de favorecimento a empresas que pleiteavam financiamentos para projetos.
O apartamento no qual o dinheiro foi encontrado pertence ao empresário Silvio Silveira, que disse em depoimento à Polícia Federal que emprestou o imóvel a Lúcio Vieira Lima. O parlamentar e Geddel disseram ao empresário que usariam o apartamento para armazenar pertences do pai deles, que morreu no início do ano passado. Nesta quinta-feira, a Procuradora-Geral da República Raquel Dodge afirmou que "Geddel é líder de uma organização crimonosa".
Em depoimentos paralelos prestados à Procuradoria-Geral da República (PGR), o lobista Lúcio Funaro disse que enviou a Salvador, a pedido de Geddel, uma caixa com R$ 1 milhão retirados em 2014 do escritório do ex-assessor de Temer José Yunes em São Paulo. O dinheiro foi, segundo o próprio Funaro e delatores da Odebrecht, enviado pela construtora como doação via caixa-dois para campanhas do PMDB.
Os investigadores da Polícia Federal ainda não confirmaram se o dinheiro enviado por Funaro estava em meio aos R$ 51 milhões apreendidos no apartamento usado por Geddel Vieira Lima.
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