"STF deve evitar decisões populistas", diz Gilmar Mendes sobre o caso Aécio

Ministro diz que julgamento marcado para esta semana sobre prisões de parlamentares "resolverá problema de interpretação" da Constituição

Gilmar Mendes foi um dos ministros da Primeira Turma do STF a votar contra suspensão do mandato de Aécio
Foto: Reprodução/Senado
Gilmar Mendes foi um dos ministros da Primeira Turma do STF a votar contra suspensão do mandato de Aécio

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes voltou a criticar a forma como as decisões vem sendo tomadas na Corte e defendeu que o Supremo "evite decisões populistas" no julgamento da ação que vai determinar se o Judiciário pode ou não exigir a prisão de parlamentares no exercício do mandato . A análise da ação proposta pelo PP, PSC e Solidariedade está marcada para quarta-feira (11) e será determinante para a situação de Aécio Neves (PSDB-MG), senador que teve o  mandato suspenso pela Primeira Turma do Supremo.

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“O que nós devemos evitar são decisões panfletárias, populistas, que não encontram respaldo no texto constitucional. Esse é o grande risco para o sistema, porque a cada momento nós vamos produzindo uma decisão o que provoca dúvidas sobre a capacidade do tribunal de aplicar bem a Constituição”, afirmou Gilmar Mendes nesta segunda-feira (9) durante seminário promovido pelo Instituto de Direito Público.

O ministro afirmou que o julgamento de quarta-feira resolverá um problema de interpretação do texto constitucional. “O Senado e a Câmara se manifestaram no sentido de que o afastamento cabe a cada uma das Casas e é isso que está também no Artigo 53 da Constituição. Há um problema de interpretação que será resolvido”, afirmou.

Entenda a ação e como ela afeta Aécio

A ação direta de inconstitucionalidade (ADI) 5526 propõe que membros do Congresso Nacional só poderão ser alvos de ordens de prisão preventiva ou de medidas cautelares (como a suspensão do mandato) mediante a autorização de suas respectivas casas (Câmara ou Senado).

Em parecer enviado para municiar os ministros do STF no julgamento, o Senado defendeu a procedência da ADI . Da mesma feita, a Advocacia-Geral da União (AGU) afirmou ao Supremo que a prisão de parlamentares só é válida em casos de flagrante de crime inafiançável.

Os posicionamentos do Senado e da AGU representam mudanças na interpretação das instituições sobre o mesmo tema. Ainda no ano passado, tanto o Senado quanto a AGU haviam encaminhado ao Supremo pareceres com entendimentos distintos dos atuais.

O resultado do julgamento da ADI deve repercutir no caso do senador Aécio Neves, que foi afastado do seu mandato e foi obrigado a cumprir recolhimento noturno por decisão da Primeira Turma do STF. As medidas cautelares foram impostas ao tucano devido à denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o recebimento de R$ 2 milhões do empresário Joesley Batista, do grupo J&F, supostamente em troca de sua atuação política.

O Senado chegou a convocar sessão para reverter a decisão sobre o mandato de Aécio Neves na semana passada, mas os parlamentares decidiram aguardar um posicionamento do STF sobre a ADI 5526.

O julgamento na Primeira Turma do STF que determinou a suspensão do mandato de Aécio terminou em 3 a 2. O ministro Gilmar Mendes foi autor de um desses votos contrários à imposição de medidas cautelares contra o senador (o outro foi proferido pelo ministro Dias Toffoli).

*Com informações da Agência Brasil