O advogado Antônio Mariz de Oliveira, que trabalha na defesa do presidente da República, Michel Temer, informou que deixará o caso "por questões éticas". A decisão foi tomada depois que a Câmara dos Deputados recebeu, nessa quinta-feira (21), do Supremo Tribunal Federal (STF), a segunda denúncia contra Temer, apresentada pela Procuradoria Geral da República (PGR).
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De acordo com Mariz, deixar o caso se faz necessário porque esse mesmo advogado atuou na defesa do operador financeiro Lúcio Funaro e, segundo ele, advogar para Michel Temer – após denúncias de Funaro – envolveria conflito de interesses.
Em seu acordo de delação premiada com a PGR, o lobista afirmou, "com 110% de certeza", que Temer recebia parte da propina arrecadada pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB). Tal informação foi divulgada nesta quinta-feira pelo jornal O Globo.
As declarações de Funaro constam nos anexos da denúncia oferecida por Rodrigo Janot contra Temer e o chamado "quadrilhão do PMDB na Câmara". O presidente da República é acusado dos crimes de obstrução da justiça e organização criminosa.
O lobista relatou ainda em seus depoimentos que o advogado José Yunes, ex-assessor e amigo pessoal de Temer, praticava a lavagem de dinheiro para o presidente por meio de sua incorporadora imobiliária.
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Funaro disse não saber quais os imóveis estão registrados no nome de Temer e de seus familiares, mas contou ter ouvido de Eduardo Cunha que "Temer tem um andar inteiro na Avenida Brigadeiro Faria Lima, na capital paulista, num prédio que tinha sido recém-inaugurado”.
Defesa de Temer
Em nota, o Palácio do Planalto rechaçou as acusações de Funaro e garantiu que os imóveis de Michel Temer foram adquiridos legalmente. O governo também acusou o lobista de "espalhar mentiras e verdades de forma contumaz" comparou, ainda que de forma indireta, seu depoimento aos dos delatores da JBS. Nem Temer , nem Palácio do Planalto se manifestaram publicamente a respeito da saída de Antônio Mariz de Oliveira da equipe de defesa.
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