Os delatores da J&F, Joesley Batista e Ricardo Saud, se entregaram no início da tarde deste domingo (10) à Polícia Federal em São Paulo. Os dois tiveram uma ordem de prisão preventiva decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, mas decidiram se antecipar ao mandado de prisão expedido hoje. Os dois chegaram com carros particulares à sede da Superintendência da PF na capital paulista.
Leia também: Fachin determina prisão temporária dos executivos da J&F, Joesley e Saud
O pedido de prisão foi enviado na sexta-feira (8) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Um dos advogados de Joesley
e Saud
, Pierpaolo Bottini já havia afirmado que a possibilidade de os dois se entregarem existia desde que fossem notificados da ordem de prisão.
Atualmente em São Paulo, os delatores precisariam se deslocar para Brasília para se apresentar à PF. As ordens de prisão ocorrem após os executivos prestarem depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR) para esclarecer um áudio enviado, provavelmente por engano, para as autoridades. Joesley e Saud passarão a noite em celas separadas no edifício da PF, na bairro da Lapa, em São Paulo e serão transferidos para a capital pela manhã.
Leia também: Temer oferece almoço 'de confraternização' após semana de prisão e denúncias
Janot decidiu revogar o benefício de imunidade condedido aos empresários por entender que houve descumprimento do acordo de delação realizado com a PGR. Na gravação, os delatores mencionam informações passadas pelo ex-procurador da República, Marcelo Miller. Os três envolvidos no caso prestaram depoimento para esclarecer o conteúdo do áudio entre quinta (7) e sexta-feira (8), mas Janot não se convenceu dos argumentos.
O procurador acredita que Miller, seu ex-braço direito na PGR, tenha colaborado com os executivos no acordo de colaboração. Miller se desligou do Ministério Público Federal em 23 de fevereiro, mas sua saída só foi oficializada em 5 de abril.
Passaportes entregues
No sábado (9), os advogados dos delatores chegaram a entregar os passaportes de Joesley e Saud. Os executivos ainda pediram para serem ouvidos antes que Fachin, relator da Lava Jato no STF, tomasse uma decisão sobre o pedido de prisão. Ainda assim, o ministro determinou a prisão. Vale lembrar que ser ouvido por um ministro após um pedido de prisão não é algo comum na Justiça.
Os advogados de Marcelo Miller seguiram estratégia parecida e também disponibilizaram o passaporte do ex-procurador ao Supremo. A defesa também pediu para ser ouvida antes de Fachin decidir sobre a prisão. Logo após o término do depoimento de Miller à PGR, os advogados André Perecmanis e Paulo Klein, responsáveis pela defesa do ex-procuraodr, criticaram o pedido de prisão.
Leia também: Curitiba terá novo esquema de segurança para reencontro de Lula e Moro
"Dez horas de depoimento para já ter um pedido [de prisão] pronto? Então para quê esse depoimento? Se o procurador-geral fez o pedido de prisão, para que pediu para ele [Miller] ser ouvido? As declarações dele [Miller] não interessam ao Ministério Público?", disse Perecmanis. A prisão foi solicitada a Fachin depois de Janot concluir que os delatores esconderam do Ministério Público fatos criminosos que deveriam constar nos depoimentos.