A cúpula do PSDB se reuniu nesta quinta-feira (24) em Brasília para esboçar as primeiras estratégias acerca das eleições de 2018 e tentar amenizar os confrontos internos que vêm se tornando cada vez mais públicos.
Após o encontro, que reuniu os presidentes dos diretórios estaduais do PSDB e teve início por volta das 10h30 desta manhã, o senador Aécio Neves fez questão de amenizar as divergências com o presidente interino do partido, o senador Tasso Jereissati (CE) – um dos principais pivôs do racha na legenda.
“Há paz no ninho [tucano]”, disse o senador . “Tive uma conversa com Tasso. Nossas divergências foram superadas e continuamos em nossa trilha de construir um projeto para o País.”
Oficialmente, o encontro visava acertar um calendário para as convenções onde será definido o candidato tucano para a eleição presidencial de 2018. Segundo o secretário-geral do partido, deputado Sílvio Torres (SP), o encontro também teve como objetivo discutir mudanças no estatuto da legenda.
Mas antes de pensar no futuro, o PSDB vê a necessidade de aparar as arestas visíveis no presente. Os desentendimentos no partido ganharam volume em meados de maio, quando a delação do empresário Joesley Batista desencadeou a maior crise do governo Michel Temer e obrigou Aécio Neves
a entregar a presidência tucana a Jereissati
.
Desde então, a cúpula tucana fez uma série de reuniões para definir se o partido deveria ou não entregar os cargos que ocupa no governo Temer .
Apesar de a permanência na base aliada ter levado a melhor nesses debates, a insatisfação de alas do partido com essa situação se manteve e o racha ideológico ficou ainda mais escancarado na votação da admissibilidade da denúncia contra Temer. Na ocasião, a liderança do partido orientou sua bancada a votar contra o presidente e, consequentemente, contra relatório pró-Temer elaborado pelo deputado Paulo Abi-Ackel (MG), que também é do PSDB. Ao fim da votação, o placar indicava que, dos 47 tucanos na Câmara, 21 votaram contra Temer.
Propaganda e disputa Alckmin x Doria
O ápice da divisão tucana se deu no último dia 17, quando o partido divulgou propaganda na TV aberta afirmando que o PSDB "errou ao aceitar como natural" a “troca de favores individuais em prejuízo da verdadeira necessidade do cidadão brasileiro”. "O partido tem que fazer uma autocrítica. Não adianta pedir desculpas”, apontava a peça publicitária.
O programa causou grande mau-estar entre aqueles que defendem a aliança tucana com o governo Temer. Um dos principais expoentes dessa ala, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, manifestou-se
imediatamente pelas redes sociais dizendo que a propaganda "não o representa" e que a peça "passa ao largo dos problemas urgentes do País e das opções que o PSDB tem o dever de apresentar para seu enfrentamento". Posteriormente, Tasso reconheceu que a concepção da propaganda não passou pela aprovação da cúpula do partido.
Além dos desentendimentos acerca da postura que deve ser adotada pelo partido em relação ao governo, a legenda também vivencia uma disputa velada entre o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito da capital paulista, João Doria .
Ambos surgem como possíveis candidatos à Presidência da República, mas a popularidade do prefeito-empresário tem feito com que muitos tucanos passem a preferir Doria a Alckmin para o pleito. Frente a essa situação, o governador chegou a 'mandar recado' durante palestra dada no início deste mês em Porto Alegre afirmando que "2018 será a eleição da experiência". A frase foi encarada como um recado a João Doria, que se credencia como o 'novo' e o 'não político'.
Doria não participa da reunião desta quinta-feira e, embora esteja em Brasília, não há confirmação de que Alckmin vá ao encontro da cúpula tucana. A agenda de nenhum dos ministros do PSDB (Aloysio Nunes, Antonio Imbassahy, Bruno Araújo e Luislinda Valois) indica presença na reunião.