Meses após o polêmico encontro com o empresário Joesley Batista no Palácio do Jaburu, o presidente Michel Temer voltou a figurar no noticiário devido a uma reunião a altas horas da noite longe dos registros de sua agenda oficial. O peemedebista desta vez recebeu Raquel Dodge, sua indicada para a Procuradoria-Geral da República (PGR), por volta das 22h dessa terça-feira (8).
O encontro com Raquel Dodge no Palácio do Jaburu ocorreu horas após a defesa do presidente levar ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin um pedido de suspeição do atual chefe da PGR, Rodrigo Janot . O advogado de Temer sugeriu no pedido que Janot tem "motivação pessoal" e "incontido desejo de imputar crimes" contra o presidente.
A assessoria de imprensa da Presidência da República negou que a reunião com Raquel tivesse qualquer relação com as críticas de Temer à atuação de Janot. Segundo o Planalto, o encontro dessa segunda-feira se deu a pedido da própria procuradora e teve como objetivo discutir detalhes sobre a posse de Raquel na PGR .
Foi decidido entre os dois que a posse será realizada no dia 18 de setembro, portanto um dia após o fim do mandato de Rodrigo Janot como procurador-geral da República. A cerimônia deve ocorrer no Palácio do Planalto no período da manhã, uma vez que Temer deve embarcar no mesmo dia em viagem aos Estados Unidos.
Raquel Dodge e outro encontro sem registro na agenda de Temer
A sucessora de Janot foi indicada por Temer no fim de junho. Raquel era a segunda da lista tríplice eleita pelos integrantes do Ministério Público Federal e despontou como 'rival' de Janot, responsável por denunciar Temer ao STF por corrupção passiva.
Horas antes de indicar a procuradora para o cargo, Temer foi recebido em jantar oferecido pelo ministro do Supremo Gilmar Mendes , em compromisso que não foi registrado nem na agenda oficial do peemedebista e nem na do magistrado. O encontro contou ainda com a presença do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o ministro da Secretaria de Governo, Moreira Franco.
Anfitrião daquele encontro, Gilmar Mendes também decidiu assumir nesta semana artilharia pesada contra Rodrigo Janot
. O ministro do STF disse em entrevista concedida na segunda-feira (7) que o procurador é o "mais desqualificado" que passou pelo cargo.
Há a expectativa de que, antes de deixar o posto para Raquel Dodge, Janot ainda ofereça nova denúncia contra o presidente Michel Temer com base em informações prestadas por delatores do grupo JBS.
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