O presidente Michel Temer foi recebido em jantar oferecido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes na noite de terça-feira (27), em compromisso que não foi registrado na agenda oficial nem do peemedebista e nem do magistrado. O encontro contou ainda com a presença do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o ministro da Secretaria de Governo, Moreira Franco.
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A assessoria da Presidência informou ao iG que o Planalto não irá comentar o assunto, mas a realização do encontro foi confirmada pelo presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), segundo o qual a reunião entre Michel Temer e o ministro do STF teve como assunto a proposta de reforma política.
"Não vejo equívoco quando as instituições independentes conversam, quando os presidentes de instituições independentes conversam. O Poder Judiciário é um poder independente do Executivo, assim como o Executivo é independente do Judiciário e também do Legislativo", argumentou Eunício, que é aliado do presidente Temer.
"Estamos num debate intenso sobre reforma política. Eu fiz uma reunião grande, com mais de 40 líderes e presidentes de partidos para discutir reforma política", declarou o presidente do Senado, citando o almoço que ele mesmo promoveu em sua casa também na terça-feira.
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Pós-jantar
No dia seguinte ao encontro entre o presidente da República e Gilmar, Temer decidiu indicar a procuradora Raquel Dodge para suceder Rodrigo Janot
na chefia da Procuradoria-Geral da República (PGR). Raquel era a segunda da lista tríplice eleita pelos integrantes do Ministério Público Federal e desponta como 'rival' de Janot, que foi o responsável por denunciar Temer ao STF.
Também nessa quarta-feira (28), o ministro Gilmar Mendes foi o único a votar pela revisão dos acordos firmados entre a PGR e executivos do grupo JBS em julgamento que terminou com placar 9 a 1 no STF. Gilmar criticou duramente a atuação de Rodrigo Janot e disse que o chefe do Ministério Público "ofereceu o que não poderia ser oferecido" em troca das denúncias dos executivos da empresa.
As informações prestadas pelo empresário Joesley Batista, dono do grupo, são o pivô da denúncia apresentada por Janot contra o presidente Michel Temer, acusado de ter praticado crime de corrupção passiva.
*Com reportagem da Agência Senado