Em entrevista ao jornal “O Estado de S.Paulo”, o presidente Michel Temer (PMDB) acusou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de agir com motivações políticas. O peemedebista afirmou que a atuação do chefe da PGR não pode ser baseada em “disputas pessoais” e elogiou a jurista Raquel Dodge, que assumirá o cargo no mês que vem.
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A crítica feita por Michel Temer contra Janot foi motivada pelo fato de o procurador-geral ter solicitado nesta semana ao STF (Supremo Tribunal Federal) que incluísse o presidente e os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco no inquérito sobre o chamado “quadrilhão” do PMDB.
O pedido foi feito pouco antes da votação na Câmara sobre a aceitação ou não da denúncia da PGR contra o presidente pelo crime de corrupção passiva – a acusação acabou sendo rejeitada por 263 votos a 227, com duas abstenções e 21 ausências. “Sabe quando o procurador fez isso, embora esse processo esteja correndo há três anos? Às vésperas da votação do Congresso, o que está a significar que, na verdade, ele passou a ter uma atuação muito mais de natureza política, e quase pessoal, do tipo “quero ver qual é o time que ganha”, e não a sua função institucional”, disse o presidente ao “Estadão”.
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“Nem ele deve ter disputa pessoal com o presidente da República, muito menos eu terei com ele. Jamais lhe daria essa satisfação. Lamento é que ele, a todo momento, anuncie que vai fazer uma nova denúncia, baseada nos mesmos fatos. É um gestual político, institucionalmente condenável”, acrescentou Temer.
Mudanças
Durante a entrevista, o presidente elogiou a jurista Raquel Dodge, que assume a PGR no dia 17 de setembro, após o término do mandato de Janot . “Pelo que conheço da procuradora Raquel Dodge, ela vai cumprir rigorosamente o que a lei estabelece. Onde houve delito ela vai continuar. Não tenho a menor dúvida disso. Acho que, pelo histórico dela e conhecimento jurídico, ela vai cumprir rigorosamente as funções que compete ao procurador-geral.”
Sobre alterações no comando da Polícia Federal, o presidente evitou fazer comentários. Disse apenas que o assunto está sendo discutido pela cúpula do Ministério da Justiça.
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Por fim, ao analisar as mudanças na PGR e no STF – em março o ex-tucano Alexandre de Moraes assumiu uma vaga na Corte no lugar de Teori Zavascki –, Michel Temer afirmou que as substituições “darão rumo correto à Lava Jato”. “Ninguém nunca pretendeu destruir a Lava Jato . Eu não ouvi o depoimento de nenhum agente público que dissesse vamos paralisar a Lava Jato, ninguém. Muito menos de ministros do Supremo ou membros da Procuradoria ou do governo”, acrescentou o presidente.