O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB), afirmou nesta segunda-feira (31), durante depoimento ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Estado, que o magistrado demonstrou prejulgamento durante entrevista que concedeu ao jornal “Valor Econômico” há duas semanas.
Leia também: Rodrigo Janot volta a pedir prisão do senador Aécio Neves ao STF
Bretas rebateu as afirmações do ex-governador e disse que não há nada na entrevista que aponte prejulgamento. O magistrado afirmou ainda que o atendimento a veículos de imprensa é uma das maneiras de prestar contas à sociedade. Em outro momento, Sérgio Cabral questionou uma decisão do juiz em relação ao seu processo, e Bretas o interrompeu: "Senhor Cabral, não dou o direito de o senhor discutir minhas decisões".
O juiz também interrogou nesta segunda-feira a esposa do ex-governador, Adriana Ancelmo, o empresário Eike Batista e o ex-vice-presidente do Flamengo, Flávio Godinho. O interrogatório foi referente à ação penal resultante da Operação Eficiência, desdobramento da Operação Calicute, deflagrada pela Polícia Federal em janeiro deste ano. Eles são acusados de crimes de lavagem de dinheiro com ocultação no exterior de aproximadamente US$ 100 milhões.
O Ministério Público acusa Cabral de ter recebido do empresário Eike Batista US$ 16,5 milhões em propina, além de R$ 1,5 milhão por meio do escritório de advocacia de Adriana Ancelmo. Ele também negou que tenha havido pagamento de propina para que o Rio fosse sede dos Jogos Olímpicos de 2016. O peemedebista é réu em outras 11 denúncias e já foi condenado a 14 anos e 2 meses de prisão pelo juiz Sérgio Moro, na Operação Lava Jato.
Leia também: Força-tarefa da Lava Jato pede aumento da pena imposta a Lula no caso tríplex
O advogado de Cabral, Rodrigo Roca, disse que fará arguição de suspeição (processo para afastar do caso um juiz, membro do Ministério Público ou servidor da Justiça que se desconfie de ser parcial em um caso) do juiz Marcelo Bretas de todos os 11 processos que preside contra Cabral, com base nas declarações que o juiz fez à imprensa.
“Pelo teor das declarações, ele teria só uma dúvida, se foi um crime ou se foi outro crime. Ou seja, não aceita nem por hipótese uma absolvição. Ele diz ‘ou foi propina, e portanto corrupção e ostentação, ou foi lavagem de ativos'”, argumentou o advogado. “Estou convencido de que a sentença foi dada por essa matéria. Juízes não podem se manifestar e antecipar seus juízos em relação ao mérito das causas que julgam, está na Lei Orgânica da Magistratura nacional”.
Eike Batista
Ainda durante seu depoimento, o ex-governador disse que sua relação com Eike Batista era formal, com o único objetivo de estimular o investimento no Rio de Janeiro e que essa relação institucional foi “muito positiva para o Rio”. Ele garantiu que todos os recursos que recebeu de Eike foram para investir no estado do Rio de Janeiro e apoiar suas campanhas.
Leia também: Temer deve exonerar ministros para que votem contra denúncia na Câmara
O ex-governador voltou a afirmar que recebeu dinheiro de Caixa 2 para financiar suas campanhas e garantiu que “quase a totalidade” dos recursos ilícitos que recebeu foi investido na política. Sérgio Cabral admitiu que o Eike financiou entre R$ 25 milhões e R$ 30 milhões em sua campanha em 2010, mas que o dinheiro foi pago no Brasil, embora fosse de Caixa 2.
* Com informações da Agência Brasil