O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, afirmou nesta sexta-feira (30) que não se lembra de quem indicou o terreno que, segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), foi adquirido pela Odebrecht para a construção de uma nova sede do Instituto do petista.
"Eu na verdade não tenho lembrança disso, né? Eu não sei se fui eu que conheci alguém ou alguém me indicou, mas eu não sei quem foi, (...) como eu não tenho certeza, não quero ser leviano e dizer que foi uma pessoa ou outra”, respondeu ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas ações da Lava Jato na primeira instância. Okamotto é uma das testemunhas de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e foi ouvido pela Justiça Federal do Paraná por videoconferência.
Okamotto disse que visitou o terreno, localizado na Rua Haberbeck, uma única vez, em meados de 2011, porque ele tinha sido oferecido para avaliação, e que o mesmo foi recusado como sede do Instituto pelo ex-presidente e pela diretoria do instituto.
Segundo Okamotto, o instituto acabou alugando um imóvel próximo a sua sede para abrigar sua equipe de apoio. Houve uma única visita, de cerca de 30 minutos, de avaliação desse imóvel. Ele também informou que outros imóveis naquela época foram analisados pela diretoria do Instituto.
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Okamotto negou, ainda, ter conversado sobre o imóvel com o ex-ministro Antônio Palocci, com o ex-assessor dele, Branislav Kontic, e com o pecuarista José Carlos Bumlai. “Não vi sentido nenhum em conversar com eles sobre isso, não tinha nexo nenhum deles com esse terreno.”
Investigação
Nesta ação da Operação Lava Jato , o Ministério Público Federal acusa o petista de ter cometido os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro em esquema que envolveu a compra do terreno para o instituto do ex-presidente e a cobertura de um prédio em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
De acordo com a denúncia, o ex-presidente teria comandado um esquema envolvendo o pagamento de propina de R$ 75 milhões, que é o equivalente a percentuais de 2% a 3% do valor total de oito contratos firmados entre a Petrobras e a construtora Odebrecht .
Segundo os procuradores, esse valor teria sido repassado ao PT, ao PP e ao PMDB. Parte dessa quantia teria sido lavada por meio da compra de um terreno para sediar o instituto do ex-presidente petista, em 2010.
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Outro meio encontrado para lavar os recursos ilícitos teria sido a compra de uma cobertura no prédio vizinho ao que Lula mora em São Bernardo do Campo. O imóvel foi adquirido no nome de Glaucos da Costamarques (um dos denunciados), que teria atuado como "testa de ferro" do ex-presidente. A defesa do petista nega todas as acusações.