Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou Michel Temer ao Supremo por crime de corrupção passiva
Beto Barata/PR - 20.6.17
Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou Michel Temer ao Supremo por crime de corrupção passiva

Líderes da base e da oposição ao governo na Câmara discutem cenários e estratégias após a chegada da primeira denúncia do procurador-geral da República , Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva , encaminhada nesta quinta-feira (29) pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Há ainda a expectativa de que Janot encaminhe mais duas denúncias contra Temer, uma por obstrução da Justiça e outra por organização criminosa.

Para o vice-líder do governo, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), a Câmara pode esperar para unir as denúncias, votando todas de uma vez. Segundo Perondi, o governo tem votos suficientes para barrar a denúncia contra Michel Temer tanto na Comissão de Constituição e Justiça, que apenas instrui o processo, quanto no Plenário da Casa, que autoriza ou não que o presidente seja julgado pelo STF.

“Quem precisa colocar votos é a oposição, que é do quanto pior, melhor. Se a PGR continuar neste objetivo antipatriótico, para atrapalhar o Brasil, ela teria que mandar as próximas [denúncias] em cinco dias; e, se mandar, o governo pode esperar para enterrar essas denúncias vazias contra os brasileiros em apenas uma votação”, afirmou Perondi.

Já o líder do DEM, deputado Efraim Filho (PB), aguarda uma análise técnica para saber se deve ou não unificar as denúncias contra o presidente. Ele também defende que não haja recesso parlamentar em julho para que a crise política tenha uma definição. “A crise institucional contamina a economia e outros setores do Brasil e é preciso soluções rápidas e reais para crise, com transparência, e um aprofundamento das investigações”, disse.

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Unificar denúncias é “ilegal”

Para o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ), as denúncias devem ser analisadas separadamente. Molon também propôs que o Congresso não entre em recesso no mês de julho para que os parlamentares possam continuar analisando o caso. No documento, Janot pede que o STF condene Temer à perda do mandato e ao pagamento de multa de R$ 10 milhões.

“Não é razoável que o País esteja à deriva e os parlamentares saiam para descansar na metade de julho. O governo pode querer jogar com o recesso para juntar as denúncias e tentar, de forma ilegal, impedir que sejam apreciadas separadamente. Se o governo tentar isso, vamos à Justiça para garantir que os processos não parem”, disse Molon.

O deputado Ivan Valente (Psol-SP) também quer tempo para o debate e a análise separada das denúncias. “Cada processo é um, corrupção passiva é um, formação de quadrilha é outro, e obstrução da justiça é outra”, afirmou.

Acusação

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou o presidente ao STF por crime de corrupção passiva , com base em gravações e em delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS. Em pronunciamento na terça-feira (27), Michel Temer afirmou que a peça apresentada por Janot carece de fundamento jurídico e que sofre um ataque “injurioso, indigno e infamante” à sua dignidade pessoal.

* Com informações da Agência Câmara

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