O prefeito de São Paulo, João Doria, defendeu a permanência do PSDB na base de apoio do governo de Michel Temer (PMDB). Ele foi um dos poucos a rechaçar a retirada do apoio tucano ao presidente durante reunião com cerca de 300 líderes e filiados do Diretório Estadual do PSDB em São Paulo, realizado na noite desta segunda-feira (5) na zona sul da capital paulista
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João Doria adotou postura de cautela ao argumentar aos colegas de partido que é necessário aguardar e "confiar na Justiça", fazendo referência ao inquérito contra Temer no Supremo Tribunal Federal (STF), processo no qual o presidente é investigado por conta de acusações de executivos do grupo JBS.
“É preciso saber a hora de guerrear. Temos de confiar na Justiça”, disse o prefeito de SP. “Decisão somente após a Justiça. Isso não é recuo, é saber guerrear”, continuou Doria.
“Devemos ter claro quem é o nosso inimigo. Nosso inimigo é o PT. Não do PSDB, mas do Brasil”, afirmou.
O prefeito de São Paulo defendeu ainda a tese de que um eventual desembarque do PSDB da base aliada do governo iria "desproteger" o Brasil e fazer o País "sucumbir".
Outro expoente tucano que discorreu nesse sentido foi o presidente do diretório do partido na capital paulistana, Mário Covas Neto. Segundo ele, a retirada do apoio do PSDB a Temer iria "inviabilizar o governo".
O partido detém hoje quatro cargos na equipe ministerial do peemedebista: Secretaria de Governo, com Antonio Imbassahy; Cidades, com Bruno Araújo; Relações Exteriores, com Aloysio Nunes; e Direitos Humanos, com Luislinda Valois.
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Apoio não é unânime
Se posicionaram em defesa do rompimento o presidente estadual do partido em SP, deputado Pedro Tobias, o presidente da Agência Legislativa do Estado de São Paulo, deputado estadual Cauê Macris, e o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando.
Por conta do encontro desta segunda-feira, o presidente nacional do partido, senador Tasso Jereissati, decidiu agendar para a próxima quinta-feira um encontro com os presidente estaduais do PSDB para discutir a situação política nacional.
Entre aqueles que discursaram no encontro do PSDB paulista, houve altenância entre declarações em defesa do rompimento imediato com o governo e discursos defendendo a espera do julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer, que será retomado hoje.
A ação é movida justamente pelo PSDB e pode culminar na perda do mandato de Temer na Presidência da República. Em conversa gravada pelo empresário Joesley Batista , da JBS, o então presidente nacional do partido, Aécio Neves , confidenciou que Temer teria pedido a ele para que a ação fosse retirada.
"A Dilma caiu, a ação continuou e ele [Temer] quer que eu retire a ação. Cara, só que se eu retirar... E não estou nem aí, eu não vou perder nada, o Janot assume. O Ministério Público assume essa merda", disse Aécio na ocasião.