O advogado Gustavo Guedes, que defende Michel Temer (PMDB) no processo que pede a cassação da chapa Dilma-Temer no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) afirmou que acredita na possibilidade de o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentar novos áudios que comprometam o presidente durante o julgamento da ação, que começa nesta terça-feira (6).
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De acordo com informações publicadas nesta segunda-feira (5) pelo jornal “ O Globo ”, o advogado de Michel Temer manifestou preocupação com o fato de surgirem durante o julgamento novos desdobramentos relacionados à delação premiada de executivos da empresa JBS. Guedes disse ainda que o Palácio do Planalto planeja desenvolver mecanismos para evitar que Janot apresente novos materiais.
Em entrevista ao jornal, o advogado declarou que “há um receio de que haja uma denúncia enviada sem as respostas, antes do fim da perícia, e que esteja sendo feito um armazenamento tático dessas gravações”.
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A reportagem do “ Globo ” informa ainda que o governo trabalha com uma vitória na Corte, mas com um placar apertado. O presidente do TSE é o ministro Gilmar Mendes, que também integra o colegiado do STF (Supremo Tribunal Federal).
Histórico
O processo que pede a cassação da chapa Dilma-Temer foi impetrado pelo senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) logo após ter perdido a eleição presidencial de 2014. Após o impeachment de Dilma, em 2016, o PSDB passou a integrar a base do presidente Temer, chegando a ocupar dois ministérios. O partido acusa a chapa de ter cometido abuso de poder político e econômico durante as eleições e de ter recebido dinheiro irregular oriundo de desvios de recursos da Petrobras – situação apurada pela força-tarefa da Lava Jato.
Uma das estratégias adotadas pela defesa do presidente é a tentativa de desmembrar a campanha, mostrando que a prestação de contas de Temer não era vinculada à de Dilma. Os advogados da ex-presidente, entretanto, refutam essa versão e alegam que a responsabilidade pela campanha é conjunta.
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O vice-procurador-geral Eleitoral, Nicolao Dino, afirmou em seu parecer que dos R$ 112 milhões que foram injetados à campanha da chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer, R$ 45 milhões chegaram por meio de caixa dois. O valor seria a soma de R$ 20 milhões pagos irregularmente ao marqueteiro João Santana com R$ 45 milhões utilizados para comprar o apoio de quatro partidos que compuseram a coligação. O objetivo era ampliar o tempo de televisão no horário eleitoral gratuito.