Marcelo Odebrecht, preso durante a Operação Lava Jato, acionou André Esteves, do BTG Pactual, de dentro da cadeia
Divulgação/STF
Marcelo Odebrecht, preso durante a Operação Lava Jato, acionou André Esteves, do BTG Pactual, de dentro da cadeia

Desde que a Operação Lava Jato começou a implicar grandes nomes da política e do empresariado um nome parece pipocar nas mais diversas fases da investigação: André Esteves. O ex-presidente do Banco BTG Pactual, que chegou a ser preso durante a operação por obstrução de justiça, mas agora está livre, atuando como sócio-sênior da empresa, é presença frequente em delações premiadas e em operações deflagradas pela Lava Jato.

Assim como a BTG Pactual, não é diferente quando falamos de Marcelo Odebrecht. O dono da construtora Odebrecht, que está preso por corrupção ativa, associação criminosa e lavagem de dinheiro é um dos nomes mais conhecidos do escândalo de corrupção que abala o Brasil. 

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Como não poderia ser diferente, o nome dos dois empresários também já foi envolvido em polêmica: em 2015, logo após ter sua prisão decretado, Marcelo Odebrecht escreveu um bilhete para seus advogados, que acabou sendo interceptado pelas autoridades. No conteúdo da carta, o empreiteiro pedia para seus representantes “recuperarem a iniciativa de André Esteves” e “destruirem email de sondas”.

Também no bilhete, Marcelo Odebrecht cita "a Sete", referindo-se à empresa de sondas Sete Brasil, fornecedora da Petrobras e que tinha o BTG Pactual de Esteves e alguns dos clientes do banco de investimentos como sócios.

Na época, a Odebrecht soltou um comunicado tentando esclarecer a citação de Esteves no bilhete: “Em bilhete a seus advogados, Marcelo Odebrecht mencionou André Esteves unicamente pelo fato de o BTG ser um dos acionistas da Sete Brasil, responsável pela contratação de sondas para a Petrobras”, disse a empresa. A defesa do empreiteiro argumentou que quando ele usou o verbo "destruir" ele quis dizer aos advogados para replicarem ou rebaterem o conteúdo do e-mail, que foi a prova que levou o juiz Sérgio Moro a decretar a prisão de Odebrecht

Na época, as units do BTG Pactual negociadas na bolsa paulista chegaram a cair mais de 5 por cento, com operadores atrelando o movimento ao fato de o nome André Esteves ter aparecido no bilhete escrito por Marcelo Odebrecht aos advogados.

Quem é André Esteves?

Ex-CEO do Banco BTG Pactual, André Esteves é outro que teve seu nome citado diversas vezes em delações. O banqueiro, que já figurou como um dos 70 maiores bilionários do Brasil segundo a revista Forbes, chegou a ser preso em 2015 pela Operação Lava Jato.

Após ser revelado que Esteves articulava, junto com Delcídio do Amaral, um plano de fuga para o ex-executivo da Petrobras, Nestor Cerveró, que iria do Brasil com destino a Espanha, o executivo foi detido em novembro de 2015.  Segundo a investigação, Esteves temia que Cerveró envolvesse o BTG em sua delação, e teria oferecido, além do plano de fuga, propina ao ex-executivo.  

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O banqueiro ficou cerca de um mês encarcerado em Bangu 8, mas acabou tendo prisão domiciliar decretada pelo então ministro do STF, Teori Zavascki. Na investigação, Esteves foi acusado de pagar mais de R$ 100 milhões em propina para o ex-presidente Fernando Collor.

André Esteves voltou a ter seu nome citado durante a Operação Conclave, que investiga a aquisição do Banco Panamericano. Em abril deste ano, o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira pediu a quebra o sigilo bancário e fiscal de Esteves.

Longe das aparições públicas desde sua prisão em 2015, André Esteves ressurgiu na mídia na última semana. O banqueiro foi flagrado na primeira fileira de uma palestra de João Doria (PSDB), prefeito de São Paulo, em Nova Iorque.

Outras casos envolvendo o Banco BTG Pactual

O Banco BTG Pactual é uma figurinha carimbada nos maiores casos de corrupção dos últimos anos. Além da relação íntima com a Odebrecht, a empresa também aquiriu uma fazenda que pertencia ao pecuarista José Carlos Bumlai , amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que também foi detido durante a Operação Lava Jato. O banco também já foi condenado por inside trading,  e já chegou a ter uma cassação recomendada pelo Banco Central, mas acabou se livrando ao pagar uma multa.

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O banco de investimentos também tem um histórico com a JBS, cujos donos Wesley e Joesley Batista abalaram o Brasil por meio de uma delação premiada que implicava, entre outros nomes, o presidente Michel Temer e o senador mineiro Aécio Neves. O BTG sempre recomendou investimentos na empresa frigorífica que, meses antes da delação de seus donos, foi uma das denunciadas na Operação Carne Fraca.

Em outra "coincidência", pipocam acusações de que a JGP, gestora de recursos fundada por ex-diretores e sócios do BTG Pactual, ter se utilizado de informações privilegiadas da delação de Joesley Batista, uma vez que  a  empresa foi a única, além da própria JBS, a conseguir lucrar logo após o estouro do escândalo.

O banco também financiou a lua de mel de Aécio Neves, em 2013.   O tucano e sua esposa, Letícia Weber, ficaram no luxuoso Hotel Waldorf Astoria, em Nova Iorque. Na época, Aécio negou que a viagem tenha sido um presente de lua de mel, e afirmou que havia sido convidado dois meses antes para dar uma palestra para investidores estrangeiros.

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