As recentes denúncias feitas por Joesley Batista, dono na empresa frigorífica JBS, sobre o senador Aécio Neves (PSDB-MG) colocaram o ex-presidente do partido em maus lençóis. Antes candidato à presidência da República, Aécio foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley Batista. A Polícia Federal filmou a entrega de parte da propina e rastreou o dinheiro até uma empresa que pertence a Gustavo Perrela, filho do também senador Zezé Perrela (PSDB-MG), antigo aliado e amigo pessoal de Aécio. Com tudo isso, o neto de Tancredo Neves perdeu sua posição dentro do partido, foi afastado do senado e pode ter sua prisão decretada nos próximos dias.
No entanto, não é de hoje que o senador se aproveita de mimos de grandes empresas. Em 2013, pouco depois do seu casamento com a ex-modelo gaúcha Letícia Weber, Aécio teve suas passagens e hospedagem em Nova Iorque pagas pelo Banco BTG Pactual. O senador, que ficou no luxuoso Hotel Waldorf Astoria, negou que a viagem tenha sido um presente de lua de mel, e afirmou que havia sido convidado dois meses antes para dar uma palestra para investidores estrangeiros.
Leia também: Gravação de Joesley Batista é "imprestável", diz perito
Porém, o histórico mostra que o Banco BTG está quase sempre envolvido nos maiores casos de corrupção da política brasileira. Além da estreita relação com Aécio Neves, o banco de investimentos também tem um histórico com a JBS, sempre recomendando investimentos na empresa frigorífica que, meses antes da delação de seus donos, foi uma das implicadas na Operação Carne Fraca.
Em outra coincidência, pipocam acusações de que a JGP, gestora de recursos fundada por ex-diretores e sócios do BTG Pactual, ter se utilizado de informações privilegiadas da delação de Joesley Batista, uma vez que a empresa foi a única, além da própria JBS, a conseguir lucrar logo após o estouro do escândalo.
Outras casos envolvendo o Banco BTG Pactual
O Banco BTG Pactual é uma figurinha carimbada nos maiores casos de corrupção dos últimos anos. Além de ter financiado a lua de mel de Aécio Neves, o banco já foi condenado por inside trading, e já chegou a ter uma cassação recomendada pelo Banco Central, mas acabou se livrando ao pagar uma multa.
O banco também já adquiriu uma fazenda que pertencia a José Carlos Bumlai, pecuarista e amigo pessoal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Bumlai é figura frequentemente citada por delatores da Lava Jato.
Quem é André Esteves?
Ex-CEO do Banco BTG Pactual, André Esteves é outro que teve seu nome citado diversas vezes em delações. O banqueiro, que já figurou como um dos 70 maiores bilionários do Brasil segundo a revista Forbes, chegou a ser preso em 2015 pela Operação Lava Jato.
Após ser revelado que Esteves articulava, junto com Delcídio do Amaral, um plano de fuga para o ex-executivo da Petrobras, Nestor Cerveró, que iria do Brasil com destino a Espanha, o executivo foi detido em novembro de 2015. Segundo a investigação, Esteves temia que Cerveró envolvesse o BTG em sua delação, e teria oferecido, além do plano de fuga, propina ao ex-executivo. O banqueiro ficou cerca de um mês encarcerado em Bangu 8, mas acabou tendo prisão domiciliar decretada pelo então ministro do STF, Teori Zavascki. Na investigação, Esteves foi acusado de pagar mais de R$ 100 milhões em propina para o ex-presidente Fernando Collor.
André Esteves voltou a ter seu nome citado durante a Operação Conclave, que investiga a aquisição do Banco Panamericano. Em abril deste ano, o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira pediu a quebra o sigilo bancário e fiscal de Esteves.
Longe das aparições públicas desde sua prisão em 2015, André Esteves ressurgiu na mídia na última semana. O banqueiro foi flagrado na primeira fileira de uma palestra de João Doria (PSDB), prefeito de São Paulo, em Nova Iorque.
Leia também: Joesley Batista diz que pagou propina a políticos por meio de doações eleitorais