Um dos mais conceituados peritos do País acaba de jogar por terra a veracidade dos áudios da conversa envolvendo o empresário Joesley Batista e o presidente Michel Temer. Ricardo Molina afirmou que a gravação é "imprestável" como prova em uma investigação.

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Em 'situação normal', áudio não seria aceito, diz perito contratado pela defesa de Temer
Ayrton Vignola/ Estadão Conteúdo 14.03.2011
Em 'situação normal', áudio não seria aceito, diz perito contratado pela defesa de Temer

Contratado pela defesa de Temer para analisar o áudio entregue na delação premiada de Joesley Batista e objeto de um inquérito já aberto contra o presidente, Molina apontou “inúmeras descontinuidades, mascaramentos por ruído, longos trechos ininteligíveis ou de inteligibilidade duvidosa”.

Durante as gravações com o presidente, Joesley afirma que comprou um procurador de justiça e também dois juízes que atuavam em operações que envolviam suas empresas. Agora, com a revelação de que os áudios estão corrompidos e que foram feitos por um gravador muito barato, a suspeita é de que Joesley pode ter ido mais longe e feito o mesmo com o Ministério Público para conseguir escapar ileso, sem nenhuma punição.

Entrevista coletiva

Em entrevista coletiva concedida no início da noite desta segunda-feira (22), Molina voltou a questionar a qualidade do material apresentado por Joesley à PGR e até citou a qualidade duvidosa do aparelho utilizado para gravar – que seria de fabricação chinesa e cujo preço na internet é de R$ 26.

Molina afirmou que a gravação contém pelo menos “70 pontos de obscuridade”, que podem tratar-se de cortes, edições ou simplesmente ruídos que deixam a conversa ininteligível. “É uma gravação absolutamente esburacada. Quanto a isso ninguém tem dúvida”, afirmou o perito. Segundo ele, a Justiça “não aceitaria essa prova”. Ele acrescenta ainda que “não cabe ao perito mostrar que a gravação é autêntica”.

O perito contratado pela defesa do presidente garante que “qualquer leigo” percebeu que o arquivo tem cortes. “O MPF usou ‘ouvidômetro’ [para analisar o arquivo]”. É estranho isso, e não se pediu perícia”, critica.

“O “MPF conclui que o diálogo é audível e apresenta sequência lógica. Porém, mais da metade [da fala de Temer] é ininteligível. Se metade do que ele diz é ininteligível, onde está a sequência lógica? Isso é totalmente subjetivo e não reflete a realidade”, continua.

Molina assegura que a gravação não é autêntica. “Não pode ser considerada autêntica. Do ponto de vista técnico-pericial, ela não é boa. Tem que ser descartada. Não posso garantir que essa gravação não foi manipulada a posteriori.” Ele acrescenta: “Ainda que apareça a [versão] original, por que não apareceu antes?”.

Por fim, Molina afirmou que a PGR é “ingênua e incompetente” por ter aceitado a gravação apresentada por Joesley. Segundo ele, o posicionamento apresentado pela Procuradoria é “informação de leigo, de quem não sabe mexer em áudio”. “A gravação deveria agora estar sendo analisada pela Polícia Federal, e não tê-la tornada pública sem que a defesa pudesse acompanhar com calma”, finalizou.

Joesley já provou ser capaz de tudo para ficar livre

Quanto vale a sua liberdade? Você derrubaria uma nação para sair ileso de um crime do colarinho branco? Provavelmente não. Mas não foi assim que tentou e conseguiu agir o empresário e dono da JBS, Joesley Batista.

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Em tentativa desesperada e quase criminosa de livrar a própria pele, Joesley Batista fez tudo que podia e não podia para escapar das grades e da falência. O empresário chegou ao ponto de comprar um Procurador de Justiça, gravar clandestinamente conversas com o Presidente da República e jorrar propina para mais de mil políticos da sua própria nação.

A primeira vista a ação criminosa saiu como o esperado. Joesley garantiu para si, para sua empresa e para seu irmão Wesley tudo aquilo que outros gigantes envolvidos na Lava Jato não conseguiram. Enquanto, por exemplo, Marcelo Odebrecht mofa em uma cela da Polícia Federal e vê suas empresas naufragarem, Joesley brinda a vida nos Estados Unidos e tem suas empresas protegidas de maiores estragos.

E mais, para adicionar insulto à injúria, Joesley manipulou os mercados de cambio e de ações, usando informações privilegiadas, para lucrar uma fortuna, que irônicamente  deve ser usada para pagar a milionária multa aplicada pela Procuradoria Geral da República. Mais uma vez, Joesley engana a Justiça e dá mais um prejuízo à nação.

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Ou seja, como é possível que o empresário praticamente venda uma nação em troca de benefício próprio e depois venha com uma desculpa esfarrapada para tentar diminuir sua culpa. Impossível! Joesley devia ter pensado isso quando irrigava propinas por todos os cantos do País para conseguir seu enriquecimento ilícito. Agora soa como uma piada esse pedido de desculpas. Joesley está em seu apartamento de luxo nos Estados Unidos, sem tornozeleira, empresas funcionando a todo vapor e quem sabe até sem peso na consciência, afinal ele pediu desculpas. Isso basta para você?

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