
Suspeitas envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-deputado Eduardo Cunha e o ex-ministro Antonio Palocci figuram em 25 petições de inquérito feitas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ainda mantidas sob sigilo pelo ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
A informação consta de reportagem publicada nesta quarta-feira (19) pelo jornal O Estado de S. Paulo . Segundo o periódico, os pedidos em segredo também atingem outros nomes de destaque do PT e do PMDB, como o ex-ministro Henrique Eduardo Alves e o senador Edison Lobão.
Os casos mantidos em segredo por Fachin
são baseados nas delações de ex-executivos da Odebrecht e são mantidos em sigilo porque, segundo a PGR, sua divulgação poderia prejudicar as investigações. De acordo com o Estadão
, a petição referente a Lula diz respeito às operações da empreiteira no porto de Mariel, em Cuba, e a contratos na Angola entre a construtora e a Exergia, empresa de Taiguara Rodrigues, sobrinho da primeira esposa do ex-presidente.
Essa companhia foi subcontratada para atuar em obras da Odebrecht no país africano entre 2011 e 2014, mas, segundo delatores, o objetivo seria atender a um pedido de Lula, que já é réu por corrupção passiva, tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa em uma investigação sobre as ações da empreiteira em Angola.
Em outro caso sigiloso, o ex-presidente da construtora Marcelo Odebrecht relatou que Lula e o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, também do PT, agiram para viabilizar a participação da empresa na construção do Porto de Mariel.
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Cunha e Palocci
Ainda de acordo com o jornal, a Odebrecht entregou informações sobre o pagamento de quantias via caixa dois em três campanhas no Brasil, incluindo R$ 2 milhões pedidos por Cunha para a candidatura de Henrique Eduardo Alves ao governo do Rio Grande do Norte, em 2014.
Também teriam sido beneficiados pela empreiteira o senador peemedebista Valdir Raupp, com R$ 500 mil, e o deputado estadual paulista Luiz Fernando Teixeira (PT), que teria recebido R$ 300 mil.
No caso de Palocci, a petição refere-se a supostas solicitações que o ex-ministro teria feito à Odebrecht para campanhas presidenciais no Peru (de Ollanta Humala) e em El Salvador (de Mauricio Funes).
Na última terça-feira (18), o marqueteiro João Santana já havia dito ao juiz federal Sérgio Moro que só fizera a campanha de Funes, que posteriormente viria a ser eleito presidente, após um pedido de Lula. A candidatura teria usado recursos de caixa dois da Odebrecht.
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Uma tabela de propinas da empreiteira indica que os pagamentos totalizaram R$ 5,3 milhões. O acordo, segundo Santana, também teria sido mediado por Palocci. "Isso foi em 2009, quando fizemos a campanha presidencial em El Salvador do então candidato e depois eleito Mauricio Funes. Foi campanha que fizemos a pedido do presidente Lula", contou o marqueteiro.
Além das 25 petições mantidas sob sigilo no STF, a Corte também já analisa 74 inquéritos que tiveram a abertura determinada pelo ministro Edson Fachin na semana passada .
*Com informações e reportagem da Ansa