O presidente Michel Temer disse neste sábado (15) compartilhar o mesmo sentimento da população em relação aos depoimentos de ex-executivos da Odebrecht. "Eu compartilho essa indignação. É legítima", disse. Em entrevista à "TV Bandeirantes", Temer afirmou que é necessário "compreender essa indignação e construir gestos e formas para superar essa indignação".
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Durante a entrevista, Michel Temer disse que só afastará algum dos oito ministros citados nas delações por iniciativa própria se a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentar denúncia contra algum membro de seu gabinete. Segundo ele, os afastamentos serão feitos "temporariamente, se houver denúncia. Definitivamente, se a denúncia for aceita. É uma linha de corte compatível com nosso sistema jurídico", afirmou.
De acordo com o predidente, "pode acontecer que o próprio ministro se sinta desconfortável e queira sair". Os integrantes da equipe do governo se tornaram alvos de inquéritos na terça-feira (11) após decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, autorizar investigações sobre o suposto envolvimento de políticos em esquema de pagamento de propina apurado pela operação.
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O presidente também afirmou ser "constrangedor" ter sido citado no depoimento do ex-presidente da Odebrecht Industrial, Márcio Faria da Silva. O executivo, que assinou acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR) no âmbito da Operação Lava Jato, disse ter participado de uma reunião com Temer em 2010 sobre a doação de R$ 40 milhões para a campanha eleitoral do PMDB.
Em nota publicada nas redes sociais do governo, Temer confirmou a reunião, mas negou ter tratado de valores com ele. "É uma coisa desagradável para quem está na vida pública há tanto tempo", disse durante a entrevista. "É muito desagradável ouvir aquele depoimento. É constrangedor", completou.
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Michel Temer também que o encontro, realizado em São Paulo, foi organizado pelo então deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso há seis meses em Curitiba em decorrência da Lava Jato. O presidente disse, no entanto, que tinha uma "relação institucional, não uma relação pessoal" com Cunha. À época, Temer era presidente do PMDB, enquanto Cunha era líder do partido na Câmara.
* Com informações da Agência Brasil.