Kassab, da Ciência e Tecnologia, teria recebido as maiores quantias entre os ministros, segundo delatores da Odebrecht
Marcos Corrêa/PR
Kassab, da Ciência e Tecnologia, teria recebido as maiores quantias entre os ministros, segundo delatores da Odebrecht

Citados em depoimentos da Operação Lava Jato, oito ministros do governo do presidente Michel Temer serão investigados por um suposto recebimento de, ao menos, R$ 48,8 milhões de forma ilegal. De acordo com relatos realizados por 17 ex-executivos da Odebrecht à força-tarefa da Polícia Federal, os nomes estão envolvidos no esquema de corrupção que envolvia a empreiteira e demais parlamentares.

Na última terça-feira (11), o ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal autorizou a abertura de inquéritos contra os oito ministros . Apesar de citado em algumas delações, Temer não será investigado. De acordo com o procurador-geral da República, o presidente tem imunidade temporária à persecução penal, isto é, à investigação por crimes comuns. Para esclarecer o envolvimento de cada ministro nas delações, preparamos uma lista com as acusações que pairam sobre cada parlamentar. Confira: 

Moreira Franco e Eliseu Padilha

O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), e o ministro da Secretaria de Governo, Moreira Franco (PMDB), são investigados no mesmo inquérito. O Ministério Público Federal apontou indícios de que os dois teriam pedido recursos ilegais para as campanhas do PMDB. Os ministros foram citados em depoimentos de seis delatores da Odebrecht, incluindo o ex-presidente-executivo do grupo, Marcelo Odebrecht .

De acordo com os depoimentos, Moreira Franco teria pedido R$ 4 milhões para a campanha de 2014. Em troca do favor, teria garantido a inclusão de cláusulas que favoreceriam a empresa nos editais de concessão de aeroportos . O valor teria sido entregue a uma pessoa com o codinome "Primo" em endereço que corresponde ao escritório pessoal de Eliseu Padilha.

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Padilha ainda será investigado em um segundo inquérito, ligado a irregularidades em obras do Trensurb (Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre). De acordo com as delações, ele solicitou o pagamento de 1% do valor do contrato por conta de sua  contribuição no processo licitatório . O valor corresponde a R$ 3,2 milhões .

Em nota, Padilha afirmou que confia nas instituições brasileiras e tem certeza de que "com a abertura das investigações lhe será garantida a oportunidade para exercer amplamente seu direito de defesa". Moreira Franco, por sua vez, disse que não comentará as informações divulgadas.

Gilberto Kassab

A maior quantia apontada pelos depoimentos teria sido recebida pelo ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações,  Gilberto Kassab (PSD). Ele foi apontado por quatro delatores por ter recebido aproximadamente R$ 20 milhões em vantagens indevidas enquanto era prefeito de São Paulo, entre 2008 e 2014, e quando ocupou cargos de ministro das Cidades e da Ciência e Tecnologia do governo Dilma Rousseff.

O ministro está sendo investigado por  corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro . Em nota, Kassab afirmou que não teve acesso oficial às acusações, mas pediu cautela com depoimentos de colaboradores. Segundo ele, "os atos praticados em suas campanhas foram realizados conforme a legislação".

Blairo Maggi

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi (PP), é apontado pelos delatores por ter recebido  R$ 12 milhões da empreiteira quando ele ainda era governador de Mato Grosso. O valor seria utilizado para a campanha de reeleição do político em 2006.

Em nota, Maggi, afirmou que não recebeu doações da Odebrecht em suas campanhas eleitorais e não tem qualquer relação com a empresa ou seus dirigentes. O ministro também afirmo que tem a consciência tranquilo de que nada fez de errado.

Marcos Pereira

O ministro da Indústria e Comércio Exterior, Marcos Pereira (PRB), é acusado pelos delatores de ter recebido R$ 7 milhões . O dinheiro seria para manter o apoio do partido do ministro à coligação que elegeu Dilma Rousseff e Michel Temer em 2014.

Pereira disse estar à disposição da Justiça para prestar todos os esclarecimentos necessários. Ele afirma ainda que sempre agiu dentro da lei enquanto presidente do partido, buscando doações empresariais e respeitando as regras eleitorais.

Helder Barbalho

Os delatores da Odebrecht também acusam o ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho (PMDB), de receber R$ 1,5 milhão em vantagens indevidas não contabilizadas para sua campanha ao governo do Pará, em 2014. O ministro nega que tenha cometido irregularidades e diz os recursos que recebeu como doações para a campanha foram registradas junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PA), que aprovou todas as suas contas.

Bruno Araújo

Os ex-executivos da Odebrecht dizem que pagaram R$ 600 mil ao ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB), como contribuição para campanhas eleitorais, em 2010 e 2012. O dinheiro não teria sido contabilizado pela Justiça Eleitoral, o que configuraria caixa 2 .

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O ministro será investigado por corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro . Em nota, Araújo afirma que pediu doações a diversas empresas, inclusive à Odebrecht, o que era permitido. Ele também afirma que sempre atuou, durante o mandato, em prol dos interesses coletivos.

Aloysio Nunes

O ministro das Relações Exteriores,  Aloysio Nunes (PSDB), é acusado de receber  R$ 500 mil para sua campanha ao Senado, em 2010. Os delatores afirmam que o pedido foi realizado enquanto Nunes ainda era secretário da Casa Civil do governo de  José Serra , em São Paulo. Em troca, o ministro teria se comprometido a ajudar a empresa na negociação de  contratos de obras de infraestrutura no estado.

Assim como outros ministros, Nunes está sendo investigado por corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro, crime contra a ordem tributária e fraude em licitação . Em nota, disse que só irá se manifestar quando tiver acesso ao teor do inquérito.

Veja quais são os políticos do Poder Executivo que estão sendo investigados

* Com informações da Agência Brasil

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