A Justiça Eleitoral realiza nesta segunda-feira (6) novas audiências com ex-executivos da Odebrecht no âmbito da ação contra a chapa que elegeu Dilma Rousseff
e seu vice, Michel Temer, no pleito para a Presidência da República em 2014.
O depoimento mais aguardado é o do ex-diretor de Relações Institucionais da empreiteira Cláudio Melo Filho, considerado pela força-tarefa de procuradores da Operação Lava Jato um homem de confiança de Marcelo Bahia Odebrecht, herdeiro e ex-presidente da maior construtora do País. Também serão ouvidos nesta segunda-feira os ex-executivos Alexandrino de Salles Ramos de Alencar e Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho.
Os depoimentos estão marcados para ocorrer às 17h na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em Brasília. Assim como ocorreu em audiências anteriores com delatores da empreiteira, o relator da ação contra a chapa Dilma -Temer, ministro Herman Benjamin, determinou que as oitivas ocorram sob sigilo – embora grande parte dos primeiros depoimentos tenha vazado na semana passada.
O corregedor-geral da Justiça Eleitoral também pediu o agendamento das oitivas de mais duas testemunhas para a quarta-feira (8): a do ex-executivo da Odebrecht Luiz Eduardo da Rocha Soares e a de Beckembauer Rivelino de Alencar Braga, dono de uma das gráficas que prestaram serviço à campanha que elegeu Dilma em 2014.
A ação que apura suposto abuso de poder político e econômico por parte da chapa que elegeu Dilma e Temer é movida pelo PSDB e pela Coligação Muda Brasil. O processo pode tornar a petista inelegível e culminar na cassação do mandato de Michel Temer.
Cláudio Melo Filho
Em denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal em maio do ano passado, os procuradores ressaltam que o ex-diretor de Relações Institucionais da empreiteira Cláudio Melo Filho era também o suplente de Marcelo Odebrecht no Conselho de Administração do grupo.
"A importância de Cláudio Melo Filho no âmbito do Grupo Odebrecht e, mais ainda, a proximidade e a relação de confiança que se estabelece entre ele e Marcelo Odebrech pode ser depreendida não apenas em decorrência de ser aquele o suplente desse em diversos Conselhos de Administração no âmbito do Grupo Odebrecht, mas, ainda, do teor dos e-mails apreendidos na sede da empreiteira", aponta o MPF em denúncia.
Em dezembro do ano passado, o primeiro depoimento de Melo Filho em seu acordo de delação premiada
na Lava Jato provocou barulho em Brasília. Na ocasião, Melo Filho relatou que Michel Temer pediu "apoio financeiro" a Marcelo Odebrecht para campanhas do PMDB.
Segundo o ex-diretor, o então presidente da construtora acertou diretamente com Temer doar R$ 10 milhões ao PMDB. Parte desse valor teria sido enviada "via Eliseu Padilha" (ministro licenciado da Casa Civil) ao escritório do ex-assessor de Temer José Yunes. A informação foi corroborada por declarações do próprio Yunes no mês passado.
Em nota divulgada no fim do ano passado, o Palácio do Planalto negou as informações prestadas por Cláudio Melo Filho e disse que o presidente não esteve envolvido em tratativas de propinas. "O presidente Michel Temer repudia com veemência as falsas acusações do senhor Cláudio Melo Filho. As doações feitas pela construtora Odebrecht ao PMDB foram todas por transferência bancária e declaradas ao TSE. Não houve caixa dois, nem entrega em dinheiro a pedido do presidente", informa o texto.