Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos)
Rovena Rosa/Agência Brasil
Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos)

O governador de São Paulo , Tarcísio de Freitas ( Republicanos ), reconheceu nesta sexta-feira (6), em um evento na capital paulista, que suas declarações públicas podem impactar diretamente o comportamento dos agentes da Polícia Militar . A fala ocorre em meio a uma série de episódios recentes de violência policial no estado.  

"A gente comete erros também, e os erros que a gente comete têm reflexos. Nosso discurso tem peso, isso é fácil de ser percebido hoje. Tem uma reflexão profunda que tem que ser feita, de fato", afirmou Tarcísio durante o evento, que contou com a presença do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, do ministro do STF Gilmar Mendes e do secretário estadual de Segurança Pública, Guilherme Derrite.

O governador destacou a necessidade de reavaliar abordagens na segurança pública. "Às vezes, as receitas tradicionais, como aumentar o efetivo, investir em tecnologia e valorizar as carreiras, são insuficientes. Nosso discurso tem peso. E, às vezes, se a gente erra no discurso, damos um direcionamento errado e trazemos as consequências erradas”, destacou Tarcísio.

Cobranças de especialistas


Antes da declaração de Tarcísio, Joana Monteiro, professora da FGV e coordenadora do Centro de Ciência Aplicada à Segurança Pública, criticou discursos populistas que incentivam o uso excessivo da força policial.

"A mensagem passada para a tropa tem, às vezes, um efeito muito maior do que qualquer aparelho tecnológico. E discursos populistas, que defendem o uso indiscriminado da força, penalizam principalmente os policiais na ponta, que acabam responsabilizados criminalmente", argumentou.

O governador, que aparentou incômodo e tensão durante a fala de Monteiro, evitou a imprensa ao final do evento, deixando o local às 20h10.

Casos


Um dos episódios de maior repercussão foi o de um homem arremessado de uma ponte por um policial militar na Zona Sul de São Paulo, no domingo (1º). O policial está preso por determinação da Justiça Militar.

Outro caso envolveu a morte de um estudante de medicina, baleado à queima-roupa durante uma abordagem policial. Ambos os incidentes foram registrados por câmeras.


Na cidade de Barueri, uma mulher de 63 anos foi agredida e seu filho sofreu um golpe de mata-leão durante uma abordagem na garagem de sua casa. A prática é proibida pela Polícia Militar desde 2020.



Levantamento da Secretaria da Segurança Pública aponta que São Paulo registrou 580 mortes causadas por agentes de segurança até setembro de 2024, o maior número desde 2020. Em média, a Polícia Militar matou uma pessoa a cada dez horas neste ano, mais do que o dobro registrado em 2022, último ano antes da gestão de Tarcísio.

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