O médico intensivista Marcelo Henrique, do Hospital de Trauma de Campina Grande, na Paraíba, disse, nesta terça-feira, que o PM reformado de 56 anos, baleado pelo próprio filho, um adolescente de 13 anos , tem estado de saúde considerado regular. De acordo com o profissional, a preocupação da equipe médica, agora, é um sangramento no pulmão do paciente:
"A parte neurológica dele está bem. A grande preocupação da gente agora é a parte pulmonar, já que ele teve um sangramento dentro do tórax. E o local onde a bala afetou na coluna. Ela fez um trauma raquimedular, ali na 11ª, 12ª costela."
O médico afirmou ainda que, por causa desse sangramento, não há precisão de o policial reformado ter alta da área vermelha. "Até porque como ele tem esse dreno de tórax a gente tem que ficar com uma observação mais intensa a respeito do padrão respiratório. Se esse pulmão vai responder, se esse sangramento vai se reabsorver", disse.
Quanto a uma possível sequela, Marcelo Henrique relatou ser cedo ainda para fazer qualquer menção a isso e e citou que o paciente apresenta "fraqueza nas pernas":
"Às vezes acontece de ter apenas uma contusão no local, apenas um ferimento local que o corpo pode recuperar. E a gente tem que aguardar. Nesse momento ele tem uma fraqueza nas pernas mas a gente não pode dizer que é permanente."
O médico intensivista disse ainda que o PM reformado vem sendo acompanhado por uma equipe multidisciplinar, composta por psicólogos e funcionários do serviço social, em conjunto com a fisioterapia:
"Os médicos e a enfermagem estão trabalhando juntos para que também a parte psicológica dele seja bem acompanhada. Ele está acordado, conversando, responde a gente, tá escutando e entende tudo o que acontece ao redor dele."
Como foi o crime
O PM foi atingido no tórax, na tarde do último sábado, quando chegou à casa onde morava com a família e se deparou com a mulher morta com um tiro na cabeça, disparado pelo filho mais velho do casal . O garoto de 13 anos disse à polícia que foi a "gota d'água" se sentir pressionado para estudar e fazer tarefas domésticas, sendo também constantemente impedido pelos pais de jogar on-line. Naquele dia, o pai havia pego o celular do filho como forma de castigo por notas baixas na escola.
"A motivação que o menor alegou após a confissão do ato infracional na delegacia, na presença da advogada e de uma parente, foi porque ele era pressionado pelos pais a tirar boas notas na escola e era proibido de jogar um jogo conhecido por "Roblox" e também era proibido de acessar o celular", relatou o delegado Renato Leite num vídeo enviado ao GLOBO no domingo.
"O pai havia saído para comprar um remédio pra mãe, que estava com dor de dente e aguardava deitada na cama, quando começou a chacina."
Ao ver que o pai tinha voltado para casa, o adolescente atirou também contra ele. O PM foi atingido na área do tórax. Assustado com a situação, o filho mais novo, de 7 anos, foi até o pai e o abraçou, momento em que seu irmão fez o último disparo, atingindo a criança nas costas.
Quando o serviço de emergência chegou à casa onde houve as mortes na tarde de sábado, o autor dos disparos alegou que havia acontecido um assalto, mas os policiais verificaram que tinha sido ele quem atirou contra a própria família.
"Eu percebi que ele, quando soube que o pai ainda estava vivo, se assustou. Acho que ele estaria mais satisfeito se todos os três tivessem falecido ", disse o delegado à "TV Sol".
Na tarde deste domingo, o jovem teve sua internação provisória decretada pela Justiça e foi encaminhado para o Centro Educacional do Adolescente da Paraíba, no município de Sousa.