RJ: Número de homicídios diminui, mas desaparecimentos 'disparam'
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
RJ: Número de homicídios diminui, mas desaparecimentos 'disparam'

O estado do  Rio de Janeiro fechou 2021 com o menor número de homicídios dolosos desde 1991, o primeiro ano da série histórica divulgada pelo Instituto de Segurança Pública (ISP).

Foram 3.245 casos do gênero no ano passado, contra 3.544 computados em 2020 — que já havia atingido o menor patamar até então —, em uma queda de 8,4%. É o quinto ano seguido em que o índice apresenta redução.

Por outro lado, o número de desaparecimentos disparou na comparação com o ano anterior. Se houve 299 homicídios dolosos a menos entre os dois períodos, o número de pessoas que sumiram sem deixar rastros aumentou em 689 ocorrências, passando de 3.350, em 2020, para 4.039 em 2021 — uma alta de 20,6%, a maior flutuação positiva para este tipo de caso já constatada pelo ISP.

A explosão nos desaparecimentos é puxada por regiões conhecidas pela atuação de milícias, que têm no sumiço de corpos uma prática comum.

Entre as dez Áreas de Segurança Pública Integradas (Aisps) com aumento mais expressivo, considerando aquelas que tiveram pelo menos um caso por semana em 2021, metade fica na Baixada Fluminense, onde a presença de paramilitares vem se tornando cada vez mais expressiva: Belford Roxo (alta de 78,2%), Duque de Caxias (72,2%), Magé (37,1%), Mesquita (35,8%) e Queimados (29,9%).

Além do crescimento percentual, Mesquita, Caxias e Queimados também são recordistas em desaparecimentos quando considerado o número bruto de ocorrências.

Na primeira cidade, o total de ocorrências passou de 274, em 2020, para 372 no ano passado — o equivalente a mais de uma pessoa sumida por dia, portanto. Em Caxias, os casos subiram de 151 para 260, enquanto Queimados o número passou de 167 para 217.

A lista de dez Aisps com maior alta inclui ainda quatro áreas na capital, três delas de perfil semelhante ao da Baixada, sendo regiões marcadas pela presença de milicianos.

No território atendido pelo 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes), onde os desaparecimentos subiram 71,4%, de 63 para 108, ficam, por exemplo, a comunidade do Terreirão e os bairros do Itanhangá, Camorim, Vargem Grande e Vargem Pequena, todos com investigações em andamento sobre paramilitares.

O mesmo acontece com a área do 27º BPM (Santa Cruz), em que o número de pessoas que sumiram foi de 139 para 185, em um aumento de 33,1%, e com a do 18º BPM (Jacarepaguá). Nesta última, onde está, entre outros pontos críticos, a comunidade de Rio das Pedras, berço de uma das mais antigas milícias do Rio, os casos de desaparecimento cresceram 28%, indo de 132 para 169.


Outros índices

Tal qual nos homicídios, o Rio teve queda na maior parte dos crimes contra o patrimônio, como nos roubos de carga (9%), de rua (8%) e de veículo (4%). Já as apreensão de armas aumentaram 6%, chegando a 6.833 — na média, é como se 19 armamentos fossem retirados de circulação por dia.

"Encerrar 2021 com a maioria dos indicadores estratégicos em queda comprova que estamos no caminho certo e que os investimentos na segurança pública foram essenciais. Aproveito para mais uma vez agradecer a todos os nossos policiais que todos os dias arriscam suas vidas para proteger a população fluminense", afirmou o governador Cláudio Castro ao analisar os índices.

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